Frei Suelton, OFM professará os votos solenes na próxima sexta-feira (03)

Frei Suelton Costa de Oliveira, OFM

Queridos irmãos e irmãs, PAZ e BEM!

É com grande alegria que a nossa Fraternidade Custodial na próxima sexta-feira (03), reunida estará na Paróquia São Francisco de Assis de Campina Grande/PB, para a celebração eucarística onde o nosso confrade, Frei Suelton Costa de Oliveira, OFM professará os votos solenes na OFM (Ordem dos Frades Menores).

Por isso, a Equipe de Comunicação de nossa Custódia, entrou em contato com o referido confrade para entrevistá-lo e assim, partilhar com todos vocês, nossos amigos e benfeitores, um pouco desta trajetória de vida e vocação.

Acompanhe conosco!


CONHECENDO UM POUCO DE SUA VIDA E VOCAÇÃO

Fonte: Arquivo Pessoal – Frei Suelton Costa de Oliveira, OFM

Equipe de Comunicação – Conte-nos um pouco da sua história!

Frei Suelton, OFM – Sou filho de Cláudia Doroti Costa de Oliveira e George Batista, nasci aos 26 de Abril de 1992, na cidade de Campina Grande/PB. Tenho três irmãos: Sumaya, Sulyvan e Emanuel. Aos 03 de Agosto de 1997, pelas mãos de Frei Lauro Schwartz, OFM, fui batizado na minha paróquia de origem, Paróquia São Francisco de Assis, Diocese de Campina Grande/PB. Vivi na cidade até meus dezenove anos, onde estudei as escolas primária e secundária; exerci atividades remunerada, fiz curso de Técnico em Agropecuária e também frequentei algumas aulas de Teologia (três semestres) antes de ser Frade.

Equipe de Comunicação – Fale um pouco quem é o Frei Suelton e como se deu o seu discernimento vocacional.

Frei Suelton, OFM – Sou uma pessoa bem introvertida e tranquila, de opinião própria e me interesso em compreender assuntos sobre Política e Sociedade, também busco me inteirar e viver uma Igreja Missionária, Pastoral, Ecológica e Social.

Minha Vó, Maria Doroti Costa (in memoriam), sempre foi quem incentivou e me levava para participar das Celebrações Eucarísticas, especialmente as terças-feiras em que se celebra a memória votiva de Santo Antônio; aos 10 anos iniciei a formação catequética e ingressei no serviço de coroinha. No ano de 2004, fiz minha 1ª Comunhão, conferida por Frei Urbano Kaup, OFM, este que foi e é um grande incentivador de minha vocação franciscana.

Em 2009 e 2010 iniciei os Encontros Vocacionais pela Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil (Nordeste), incentivado pelos frades da minha Paróquia de origem; em julho de 2011 deixei a casa de minha família e parti para São Francisco do Conde/BA para entrar na Vida Religiosa Franciscana. Iniciei no Pré-Postulantado, no Convento Santo Antônio, sob a orientação formativa de Frei Rogério Rodrigues, OFM.

No ano seguinte (2012), fui transferido para o Postulantado, Convento São Boaventura em Triunfo/PE. Em maio daquele ano, fui crismado pelo então Bispo Diocesano, Dom Egídio Bisol, Bispo de Afogados das Ingazeira/PE.

Em janeiro de 2013, na cidade de Bacabal/MA, sede da Província Franciscana de Nossa Senhora da Assunção, participei de uma semana de retiro, onde fui revestido do hábito franciscano, no dia 31 de janeiro. Em seguida fui para a Fraternidade do Noviciado Interprovincial, em Teresina/PI. Vivendo lá até o final de julho, pois com a fusão da Fundação Franciscana de Nossa Senhora das Graças (Sul do Piauí) com a supracitada Província, o Noviciado fora transferido para Marcos Parente/PI, e lá permaneci até 05 de outubro, retornando para minha família.

Após um tempo de reflexão, de estudos teológicos e técnico de agropecuária, e trabalhando, sentia ainda o forte desejo vocacional e decidi retomar a caminhada franciscana, graças a Deus e por intermedio de meus confrades, Frei Alleanderson, OFM e Frei Israel Cardoso, OFM, que me deram grande apoio e força.

No segundo semestre de 2015, fiz uma belíssima experiência com a Custódia Franciscana do Sagrado Coração de Jesus, que me acolheu e incentivou na retomada vocacional. Destaco a grande acolhida dos confrades, de modo particular de Frei José Luiz, OFM. Na oportunidade, passei por Olímpia/SP, onde fiz convivência com os Aspirantes, participei das Missões Populares Franciscanas e de um Encontro Vocacional em Araguari/MG. Em Marília/SP participei de uma Semana Missionária em preparação para a Profissão Solene de Frei Lucas Lisi, OFM. No Convento Santa Maria dos Anjos, em Franca/SP, fui readmitido ao Postulantado, junto com o companheiro de turma Frei João Paulo, OFM. Fomos acompanhados por Frei Joaquim Camilo, OFM e Frei João Lourenço, OFM, que se tornaram pais espirituais, Frei David Précaro, OFM (In memoriam) também fazia parte desta fraternidade, sua presença também era um grande testemunho franciscano.

Em 2016 fiz novamente o Noviciado, na fraternidade comum em Catalão/GO, com Frei Bruno Scapolan, OFM como mestre de formação. Professei os primeiros votos em 03 de janeiro de 2017. Estudei Filosofia, em Marília/SP, pela Faculdade João Paulo II. Em 2019 escrevi um projeto para o ano missionário de vivenciar junto com os sem-terra no Rio Grande do Sul, mas tive que deixar de lado tal projeto para abraçar uma outra proposta maior, vinda da Fraternidade Missionária de Capaccio, no sul da Itália. Lá vivi dois anos (2020-2021) com Frei Ademir, OFM, Frei Flaerdi, OFM e Frei Patrick, OFM. Auxiliei nos trabalhos pastorais e no serviço junto aos imigrantes que ali procuram refúgio, pois, das suas terras natal, fogem da fome, do desemprego e da guerra. Ao final desta experiência, a fraternidade e o conselho da Custódia aprovaram meu pedido para a Profissão Perpétua.

Atualmente vivo na Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus, em Bebedouro/SP, junto com os confrades, Frei Nivaldo, OFM e Frei Valmir, OFM, prestando os serviços pastorais junto do povo de Deus, na Assistência Espiritual da OFS e JUFRA, colaborando como vice-coordenador da Equipe de Comunicação. Faço parte da equipe do SAV (Serviço de Animação Vocacional) de nossa Custódia, serviço de acompanhamento aos jovens que sentem o chamado de Deus para a vida religiosa, também na Missão e Evangelização e por fim, no Serviço de Justiça, Paz e Integridade de Criação (JPIC).

Equipe de Comunicação – O que o Frei Suelton está pedindo a Igreja e a sua Fraternidade Franciscana é a Profissão Solene. Explique-nos um pouco sobre isso e qual o sentido dela para o Frade Menor?

Frei Suelton, OFM – A Profissão definitiva dos três votos (obediência, sem nada de próprio e castidade) significam, para o Frade Menor, a dedicação “totalmente a Deus, o Sumo bem, vivendo o Evangelho na Igreja segundo a forma observada e Proposta por São Francisco. Os seguidores de São Francisco, os irmãos, são obrigados a levar uma vida radicalmente evangélica, isto é: viver em Espírito de oração e devoção e em comunhão fraterna; dar um testemunho de penitência e minoridade; anunciar o Evangelho ao mundo inteiro em espírito de caridade com o povo; pregar por obras a reconciliação, a paz e a Justiça; e mostrar o respeito pela criação.” (CCGG). Com esse ideal de vida, eu, depois de sete anos de formação inicial na Ordem dos Frades Menores, na livre escolha e vontade, desejo confirmar o chamado de Deus em minha vida para servi-Lo, bem como servir a igreja e o povo que a nós frades são confiados para animá-los na fé e missão.

Nesse sentido de uma busca mais radical, todo frade é chamado a viver a mesma experiência do Pai Seráfico São Francisco de Assis e, com ele, escolhi e abracei viver seu ideal, e como lema da minha Profissão, faço ressoar suas mesmas palavras: “O Altíssimo mesmo me revelou que eu deveria viver segundo a Forma do Santo Evangelho” (Testamento de São Francisco, vv. 14). Nessa inspiração franciscana, vou tentando a cada dia configurar minha vida nesse projeto que se faz para mim Regra e Vida.

Equipe de Comunicação – Qual sentido de fé e a relação da Igreja em sua vida?

Frei Suelton, OFM – Sou muito convencido pelas palavras da Primeira Carta de São João que diz: “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” e também nas palavras de São Tiago em sua Epístola: “Mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.”  São esses princípios que me impulsionam cada dia mais acreditar no Deus da Vida, no “Deus que é Pai e também é Mãe” (como dizia Papa João Paulo I – Papa Sorriso), nesse Deus Uno e Trino que tende misericórdia de nós e a doa cotidianamente a todos e todas, sem distinção de cor, raça, fé e classe social. É essa a fé que cultivo em meu ser e não quero perde-la, mas cultiva-la com estimulo, sabedoria e humildade.

Se antes não cultivo essa fé, como vou acreditar numa relação concreta desse Deus em minha comunidade de fé, de Igreja, de religioso? É por isso que acredito numa Igreja que se coloca como um dos instrumentos do projeto de Deus que vem sempre a se revelar. Ele se mostra e opera suas maravilhas onde quer, e eu enquanto igreja e uma partícula participante da Sua missão, me coloco e busco estar sempre em construção e em participação ativa na Sua obra, essa que não tem limite e nem é seletiva, mas acolhe a todos e todas.

Acredito também na Igreja em sua restauração após o Concilio Vaticano II, que abriu portas e janelas para deixar que o Espírito possa agir com total liberdade, porque seus membros o permitiram para que fossemos mais atentos aos sinais dos tempos e do seu povo; e do Papa Francisco, o que falar desse homem extraordinário, sensível a tudo e todos. Ele que nos coloca em constante reflexão e nos incita a agir com verdade e com amor, para uma Igreja libertadora, pobre e para os pobres, missionária em saída nas periferias existenciais, sem medo e sem limites para se abrir ao novo e ao outro.

Equipe de Comunicação – Estamos atravessando e acompanhando um tempo difícil de pandemia, guerra, fome, preconceitos e divergências políticas, o que o Frei Suelton de modo geral, tem refletido sobre esses temas e nos deixa como mensagem ao abraçar por toda a vida o Evangelho como regra?

Frei Suelton, OFM – É muito delicado tratar desses assuntos, pois são acontecimentos existentes em todas as gerações passadas e atual nos seus mais diversos contextos. E sabemos que sempre é culpa humana, pois recursos temos, condições não nos faltam, mas a ambição egoísta do HOMEM sempre foi e está presente. Basta lermos, não só a história da humanidade, mas também nossa própria Bíblia e ver do Gêneses ao Apocalipse os horrores e terrores humanos, mas não esqueçamos da presença cotidiana de Deus que em sua sabedoria e amor mostra ao seu povo maneiras e modos de agir para o bem de TODOS, e é aí onde busco a fonte de luz.

Em Jesus Cristo, esse AMOR se torna mais concreto ainda. Nele novo mundo nasceu, com Ele e N’Ele temos uma visão de mundo. Acredito que sua referência humana é a única possível já vivida neste universo. É com Ele que temos que aprender, que temos que buscar fundamentos para saírmos dessas e de outras situações que são difíceis e desumanas.

Jesus é Deus, mas também é humano, ou melhor, quis se tornar um de nós e com isso nós apresenta um olhar misericordioso, de afeto, cuidado, de cura e de libertação. Ele nos ensina: “Se, portanto, levares a tua oferenda ao altar, te lembrares de que teu irmão tem algo contra ti, deixa a tua oferenda lá diante do altar, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão e, então, volta para apresentar a tua oferenda” (Mt) e “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo). As relações humanas com afeto e empatia são os antídotos para sanar de vez a guerra, fome, preconceitos, divergências políticas e etc. E se o exemplo de Cristo fosse de fato exercido, não estaríamos em tantas e tamanhas calamidades.

Equipe de Comunicação – O que diria para um jovem que deseja ingressar na Vida Religiosa hoje?

Frei Suelton, OFM – Para finalizar e deixar uma mensagem final, em sua pregação quaresmal desse ano, Frei Raniero Cantalamessa, OFMCap. (Cardeal pregador da Casa Pontifícia no Vaticano) trouxe-nos uma reflexão aprofundada sobre a espiritualidade do Corpo de Cristo. O Frei traz nos dois últimos pontos da reflexão a importância da Comunhão com Cristo, que ultrapassa o além de comer o pão, mas na “Comunhão física uns com os outros” e a “Comunhão com os Pobres”.

Trago esses pontos para percebermos que verdadeiramente é um possível caminho para o bem comum: 1)  Aquele que disse sobre o pão: “Isto é o meu corpo”, disse também sobre o pobre. Disse-o quando, falando do que tiver sido feito para o faminto, o sedento, o preso e o nu, declarou solenemente: “Foi a mim que o fizestes!”. É como dizer: “Estava com fome, com sede, eu era o forasteiro, o doente, o prisioneiro” (cf. Mt 25, 35). Já recordei outras vezes o momento em que esta verdade quase explodiu dentro de mim. Eu estava em missão em um país muito pobre. Caminhando pelas ruas da capital, eu via por todo lado crianças cobertas por farrapos sujos, que corriam atrás do caminhão de lixo para procurar algo para comer. Em um certo momento, era como se Jesus me dissesse interiormente: “Olha bem: aquilo é o meu corpo!”; 2) A irmã do grande filósofo cristão Blaise Pascal relata o seguinte fato sobre seu irmão. Em sua última enfermidade, não conseguia reter nada do que comia e, por isso, não lhe permitiram receber o viático, que pedia insistentemente. Então disse: “Se não podem me dar a Eucaristia, deixem pelo menos que entre um pobre em meu quarto. Se não posso comungar a Cabeça, quero ao menos comungar com o seu corpo”; Concluo com uma pequena história que li em algum lugar. Um homem vê uma menina desnutrida, descalça e tremendo de frio, e brada a Deus, quase com raiva: “Ó Deus, por que não fazes algo por aquela menina?”. Deus lhe responde: “Claro que fiz algo por aquela menina: eu te fiz!


CONVITE


Agradecidos a Deus pelo vida deste irmão, desejamos perseverança em sua vida e vocação. Que Deus, por intercessão de São Francisco e Santa Clara, ajude o Frei Suelton cotidianamente em vosso trabalho e missão.

Equipe de Comunicação