Na noite desta última terça-feira (08/11), o Patronato São Francisco de Assis realizou a Mostra Pedagógica Cultural do mês da “Ecologia Integral: tudo está interligado”, como atividade final do mês de Outubro, em que todo o corpo da instituição abordou os temas ecológicos como referência ao mês de São Francisco de Assis, expondo as atividades coordenadas pelas professoras da instituição.
Além dos frades da fraternidade local, a noite contou com a presença dos frades da fraternidade de Marília, do Presidente da Instituição, Ricardo Alexandre Conessa, e das empresas convidadas para prestigiar esse momento.
A mostra teve como objetivo apresentar à Diretoria do Patronato e aos amigos e empresas parceiras, as atividades realizadas pelas crianças, com auxílio das professoras, das colaboradoras e colaboradores e dos voluntários, conscientizando-os da responsabilidade que cada um tem no cuidado com a casa comum.
Na oportunidade, o Patronato pode refletir as propostas dada pelo Papa Francisco, na encíclica Laudato Si, o que impeliu a cada integrante desta equipe, um olhar diferente na perspectiva do cuidado com a criação.
Ainda na mostra, foram apresentados as atividades artísticas sensoriais idealizadas pelos postulantes da Custódia do Sagrado Coração de Jesus, no mês de Agosto, ainda nas atividades de abertura e inserção do tema da Ecologia Integral. Como também o coral da turma “paz e bem II” que abriu as atividades da noite.
Terminado esta celebração, a mostra continuará ainda no curso desta semana para apreciação de todos.
Por fim, fica o agradecimento a todos os envolvidos nessa parceria que mantém viva o Projeto Patronato São Francisco de Assis.
Frei João Paulo Gabriel, OFM (Presidente de Honra – Patronato São Francisco de Assis)
ÍNTEGRA DO DISCURSO – Frei João Paulo, OFM
Caras amigas e amigos aqui presentes, que o Senhor vos dê a paz!
“Como não rezar diante de um tremendo impacto ecológico?”
Assim iniciou o Papa Francisco diante das queimadas que cercaram a Austrália no ano de 2020, cinco anos após a publicação da Encíclica Laudato Si, que nos chama atenção aos riscos das crises climáticas, e sobretudo aos riscos das relações humanas na qual podem de se dissolverem como fumaça ao vento, no ritmo da coisificação do ser humano.
Com essa interrogação, o papa nos convida a rezar. Reza portanto carrega muitos significados, primeiramente o de se voltar ao Deus, criador de todas as coisas, que nos une nas diferenças, que faz de nós, vindo de onde viemos, um mesmo povo, uma única nação, a nação que ele chama de “seu povo”. Rezar a Deus traz pra nós a consciência de que não temos o controle dos tempos, e nem de nós mesmo, nos traz portanto a consciência de que temos um Senhor que nos rege, e que nos pede simplesmente que confiemos nele.
As queimadas na Austrália, o desmatamento da Amazônia, a poluição dos rios, a resistência absurda do Rio Tietê na capital de nosso Estado, os ares cada vez mais envenenados, as nascentes desaparecidas… dentre muitos impactos que causamos, nos mostra que o Senhor tem razão, que precisamos dele para podermos ver a criação como de fato é, uma criação, um reflexo de Deus.
Rezar nesse sentido, nos traz de volta a Deus e nos faz tomar consciência de que nós, somente nós mesmos, somos capazes de destruir o que nos mantém em pé, o que nos dá a vida. Somos capazes de nos destruir acreditando na ilusão de que o Seu reino não nos pertence por sermos pecadores e falhos.
No entanto, o Papa continua nos convidando a rezar, nos dando um chacoalhão para acordarmos desse sonho encantador e despertarmos para a realidade preparada por Deus. Nos chama para nos vermos, olharmos um aos outros, encontrar nesse outro uma pessoa que me anima, que me mostra que vale a pena levantar mais um dia da cama e que tudo, absolutamente tudo, é presente desse Deus amor.
Rezar, portanto, não é somente juntar as mãos e seguir correntes de orações predefinidas, decoradas, mas olhar a Deus com os olhos humanos, sentir que na nossa simplicidade somos todos fagulhas desse Deus amor, somos o amado e ele o amante.
E ainda mais, rezar diante de um tremendo impacto climático, como conclui o papa na interrogação inicial dessas palavras, nos traz à nossa realidade, aqui no solo garcense, incitando-nos a olhar ao nosso redor e ver os frutos de impactos causados por nós mesmos, e também aqueles mais distantes, em que interferem diretamente na nossa forma de ser e ver o mundo.
E é por isso que estamos aqui reunidos, porque acreditamos em um mundo melhor, onde os impactos ecológicos possam ser diminuídos a partir de nossa forma de ver o mundo, onde os impactos que nos levem a campo sejam os impactos do coração, do amor e do perdão.
Nesse mês de outubro, onde celebramos a Ecologia Integral: tudo está interligado, nos lembramos do nosso papel do mundo, fomos inquietados pelas admoestações do Papa Francisco, sempre iluminado pela sabedoria do Evangelho. Também nos indignamos com as dificuldades ao se adotar novos métodos, não encontramos ambiente para tamanhas exigências, mas sim, nos propomos a ver o mundo diferente, fomos impelidos a isso. Colocamos uma nova lente de contato em nossos olhos, a lente que desvela o encanto ilusório de simples prazeres dos tempos, e “recolhemos a poeira dos pés”, como ensina o Evangelho e tomamos coragem para uma nova jornada.
O Senhor nos impele a levar o seu amor, a sua palavra de esperança, o seu grito de misericórdia para todos. E assim, ao final do mês de Outubro, que celebramos o dia de São Francisco de Assi, o pobrezinho de Assis, homem da paz e do bem, percebemos que esse Evangelho que temos como obrigação de levar, é feito por nossos exemplos, e “se necessários, usamos palavras”.
Que nosso pai, São Francisco, nos fortaleça na oração diante de tremendos impactos ecológicos e que o impacto do amor, do encontro e da paz assuma o comando de nossas vontades.
“Como não rezar …?
Que a paz esteja conosco!
Frei João Paulo Gabriel, OFM (Presidente de Honra – Patronato São Francisco de Assis)