Queridos irmãos e irmãs, PAZ e BEM!
É com grande alegria que a nossa Fraternidade Custodial no próximo sábado (23), reunida estará no Santuário Nossa Sra. Aparecida de Olímpia/SP, para a celebração eucarística onde o nosso confrade, Frei João Paulo Gabriel Mendes de Moraes, OFM professará os votos solenes na OFM (Ordem dos Frades Menores).
Por isso, a Equipe de Comunicação de nossa Custódia, entrou em contato com o referido confrade para entrevistá-lo e assim, partilhar com todos vocês, nossos amigos e benfeitores, um pouco desta trajetória de vida e vocação.
Acompanhe conosco!
CONHECENDO UM POUCO DE SUA VIDA E VOCAÇÃO
Equipe de Comunicação – Conte-nos um pouco da sua história!
Frei João Paulo, OFM – Sou natural de Teresina/Pi, e lá fui batizado e crismado. Filho de Eliene Gabriel Cruz e Wilemar Mendes de Moraes, o caçula dos três filhos desse casal. Hoje meu irmão mora em Teresina, e minha irmã, mais velha, fora do Brasil. Tenho também dois sobrinhos lindos, o Pedro Lucas e a Maya. E há pouco tempo, virei tio avô, com a chegada do Romeo em nossa família.
Já no início da adolescência, aos 12 anos, iniciei no grupo de acólitos da paróquia dos franciscanos. Na verdade eu não sabia o que era um franciscano, pra mim era tudo padre.
Aos 17 anos me coloquei a conhecer mais a vida dos frades e então me apaixonei. Quis ser um frade menor igual a eles. Quando completei 18 anos entrei para o postulantado na cidade de Bacabal/MA, em seguida fiz o noviciado em Teresina/Pi e dei um tempo na vida religiosa, retornando à minha família.
Após 4 anos e meio, percebi que não adiantava lutar com o chamado de Deus, e decidi retornar à vida religiosa, indo morar em Franca/SP, no postulantado e depois fiz novamente o noviciado, mas desta vez em Catalão/GO, onde fiz meus primeiros votos na OFM (Ordem dos Frades Menores), no dia 03 de janeiro de 2017.
Depois, em Marília/SP, segui a proposta formativa de nossa Custódia e cursei filosofia por quatro anos.
Ao término, fui morar em São Paulo/SP, para fazer uma experiência junto à população em situação de rua. Este tempo, chamamos de ano missionário, ou ano apostólico. E realmente foi uma missão apostólica em minha vida. Ali no meio deles, encontrei o João Paulo que jamais conhecia, pois são inúmeros os véus que me cobriam os olhos. Ali estive despido, desbravando os meus campos abandonados por mim mesmo.
Hoje moro na cidade de Garça/SP, e trabalho junto às crianças e adolescentes da cidade, no Patronato São Francisco de Assis (Patronato Juvenil Garcense). Faço parte do serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC) e acompanho a família dos benfeitores de nossa custódia, o PVF (Pró-Vocações Franciscanas).
Equipe de Comunicação – O que o Frei João Paulo está pedindo a Igreja e a sua Fraternidade Franciscana é a Profissão Solene. Explique-nos um pouco sobre isso e qual o sentido dela para o Frade Menor?
Frei João Paulo, OFM – Durante toda caminhada vocacional, desde os acompanhamentos vocacionais até o presente momento, eu era (e sou) convidado pela formação e por Deus a discernir ainda mais as escolhas da vida, e sobretudo, a escolha de ser um frade menor, e ter como inspiração de vida, Francisco, o homem que se fez todo Evangelho.
Passando então por cinco renovações de votos, em que faço os votos de viver sem nada de próprio, em castidade e em obediência, somente por um ano de minha vida, e renovando-o ao final de cada ano; percebi que é essa forma de vida que me alegra e me da sentido de viver. Olhar o mundo pelo olhar de Cristo e de Francisco, me faz continuar dizendo o sim a Deus, à Igreja e à humanidade.
Portanto, fazer os votos solenes (perpétuos), é me entregar por toda a minha vida a esta forma de vida, ao modelo de Evangelho que é Francisco e confirmar, para Deus e com Seu auxílio, que quero devotar minha vida aos irmãos que mais necessitam.
Equipe de Comunicação – Qual sentido de fé e a relação da Igreja em sua vida?
Frei João Paulo, OFM – Na minha vida, como em todos os que lêem essas palavras, tive muitas dificuldades, dúvidas e medos, o que me levaram sempre a me questionar de onde sou, o que faço aqui e para que estou nesse mundo. Questionamentos que me conduziram até Deus e seu amor incomensurável.
A partir de então passei a me buscar mais e mais Deus, conhecê-lo e procurar amá-lo, pois não se ama o que não se conhece.
Equipe de Comunicação – Estamos atravessando e acompanhando um tempo difícil de pandemia, guerra, fome, preconceitos e divergências políticas, o que o Frei João de modo geral, tem refletido sobre esses temas e nos deixa como mensagem ao abraçar por toda a vida o Evangelho como regra?
Frei João Paulo, OFM – Na verdade acredito que essa é uma realidade da humanidade, e não somente deste tempo, uma vez que está em jogo a forma do homem de ver o mundo.
Ainda vivemos fortemente uma relação predatória com o meio ambiente, e com isso, conosco mesmos. Tanto que Jesus, em seu tempo, já trazia uma visão em que todos somos iguais, e que em seu reino, já não há a diferença de povos, cores, raças… E Francisco em sua mística de compreender a criação e a chamar de irmã, nos confirma a temporalidade dessa realidade que vivemos hoje.
Pois bem, acredito que ser cristão é muito mais do que assumir um título, um nome, uma veste, ou aprender rezas próprias; ser cristão é assumir uma causa, a causa de Jesus presente no Evangelho, é ação, é viver rumo à destruição dessa forma utilitarista de pensar o cosmos, mudar a nossa relação com a natureza, com os animais e conosco mesmos. Para tanto, não nos importa se o mundo todo não está seguindo o ritmo do Evangelho, o que é primeiro importante, é se nós, que recebemos o batismo e nos dizemos cristãos, estamos lutando contra essa visão avassaladora da forma predatória e líquida que a humanidade lida com a criação.
Equipe de Comunicação – O que diria para um jovem que deseja ingressar na Vida Religiosa hoje?
Frei João Paulo, OFM – Digo para não ter medo de correr atrás do que acha que lhe completa. Uso o verbo “achar”, porque nada é tão claro na vida, e não podemos e nem precisamos perder tempo procurando a certeza das decisões. O que precisamos mesmo é arriscar, acreditando que naquele momento, durante aquele processo, aquela decisão está contribuindo para o que eu acredito que é viver, ou seja, está me dando um sentido de vida.
Visto que sentido de vida é algo que construímos, conscientes, nas escolhas do dia a dia, e por isso afirmo, assuma sua jornada, abrace seus medos, se perceba no todo da vida e faça a escolha de sua vida.
CONVITE
Agradecidos a Deus pelo vida deste irmão, desejamos perseverança em sua vida e vocação. Que Deus, por intercessão de São Francisco e Santa Clara, ajude o Frei João Paulo cotidianamente em vosso trabalho e missão.
Equipe de Comunicação