Santa Clara de Assis: “A bela flor do Senhor!”

SANTA CLARA DE ASSIS

A bela flor do Senhor

O mundo em meio a tantos acontecimentos na Idade Média, no ano de 1193, marcado pelo desmoronamento do sistema feudal, pelo crescimento do comércio, pela pobreza e fome, recebe de Deus em Assis, na Itália, uma dádiva, uma bela flor que é cultivada no coração de muitos, por tão grande beleza e amor pelo autor de nossa existência, Clara Favorone, filha de Hortolona Fiuni e Favarone Scifi, de uma família aristocrática considerada nobre na sociedade local e que viviam em um palácio na cidade e tinham muitas propriedades.

Podemos perceber nos escritos de Clara que suas palavras eram de uma profundidade muito grande, pois o seu modo de ser e agir eram vindos de uma entrega incondicional ao Senhor que a chamou com amor e fé, mesmo vivendo em um ambiente de riqueza e ostentação, assim, ela ousou respondê-lo com praticidade.

A primeira plantinha de Francisco compreendia que as aparências e os adereços que o mundo oferecia podiam ser enganosos e desviariam do seu amor primeiro, e diante desse desejo interior em estar permanentemente com o Cristo, Pobre, humilde e crucificado foi compreendendo que as coisas deste mundo, por mais esplêndidas e exuberantes que fossem, não podiam prender seu coração daquele que quisera doar-se por inteira.

Na História do Franciscanismo, Clara é considerada uma mulher com espírito profundo de oração e devoção, que pela eucaristia contemplava os mistérios e as maravilhas de Deus em sua vida. Fora admiradora do Poverello de Assis, o qual a instruiu para responder o chamado do Senhor com autenticidade. Um fato interessantíssimo é que, renunciando à nobreza para viver pobre e humilde, adotou com amor o modo de vida que Francisco de Assis propunha aos frades menores, mesmo diante da resistência de sua família.

Com um gesto audaz, corajoso e inspirador vindo de um profundo desejo de seguir o Verbo Eterno do Pai, também pelo exemplo de Francisco, uniu-se definitivamente ao Senhor, primeiro pelo desejo interior e conseguinte vestindo o hábito penitencial, tornando-se virgem esposa de Cristo, humilde e pobre, e a Ele se consagrou por inteira.

Santa Clara de Assis morreu em 11 de agosto de 1253, aos 60 anos e foi canonizada em 23 de agosto de 1255, pelo Papa Alexandre IV, dois anos após sua morte. É representada com uma roupa marrom, o hábito penitencial, e com uma custódia com o Santíssimo Sacramento. Fora fundadora da Segunda Ordem – as Clarissas, de uma espiritualidade singular e mística voltada inteiramente para a pobreza, a oração e a ajuda aos mais necessitados. Ela própria escreveu a Regra e forma de vida para suas irmãs, de viver o mistério de Jesus Cristo pela luz do Evangelho e como inspiração a vida de São Francisco de Assis.

Seguindo o exemplo de Santa Clara muitas mulheres no decorrer da história ficaram deslumbradas pelo amor de Cristo que, na entrega por amor primeiro, preencheu seus corações. E a Igreja toda, se alegra, pois, através da mística que envolve toda vocação consagrada, pela contemplação, demonstra aquilo que será para sempre lembrado, a entrega incondicional a Deus.

Que o exemplo de Santa Clara de Assis possa ressoar em nossos corações com ternura e vigor que vem de Deus, nos impulsionando a termos um espírito de oração e devoção para melhor servirmos nossa Igreja e aos nossos irmãos e irmãs, sobretudo os necessitados.

Frei Vinícius Alves de Oliveira, OFM