Andressa Collet (Vatican News)
“A vocação própria da Igreja é evangelizar, e isso não é fazer proselitismo. A vocação é evangelizar e, mais, a identidade da Igreja é evangelizar.”
Assim o Papa começa o vídeo de intenção de oração para o mês de agosto sobre a vocação da Igreja, que é a de evangelizar. Francisco nos convida a ajudar nesse processo de transformação, partindo de uma reforma de “nós mesmos” com experiências de oração, caridade e serviço. As próprias imagens do vídeo descrevem na prática esse caminho a ser percorrido ao mostrar, por exemplo, a figura do Padre Renato Chiera, missionário italiano que salvou mais de 100 mil vidas durante quase 35 anos junto à Casa do Menor no Rio de Janeiro que acolhe “as crianças não amadas do Brasil”.
Reformar a Igreja a partir de nós mesmos
“A nossa própria reforma como pessoas, essa é a transformação. Deixar que o Espírito Santo, que é o dom de Deus nos nossos corações, nos lembre do que Jesus ensinou e nos ajude a colocá-lo em prática. Vamos começar a reformar a Igreja com a reforma de nós mesmos. Sem ideias pré-fabricadas, sem preconceitos ideológicos, sem rigidez, mas avançando a partir de uma experiência espiritual, uma experiência de oração, uma experiência de caridade, uma experiência de serviço. Sonho com uma opção ainda mais missionária, que vá ao encontro do outro sem fazer proselitismo e que transforme todas as suas estruturas para a evangelização do mundo de hoje.”
Para realizar o sonho do Pontífice de uma experiência ainda mais missionária, como explicou na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, “cada cristão e cada comunidade deve discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar este chamado: sair da nossa própria comodidade e ousar chegar a todas as periferias que precisam da luz do Evangelho”. O primeiro passo é avançar nesse sentido, como nos pede o Papa, deixando-nos guiar pelo Espírito Santo para que “nos lembre do que Jesus ensinou e nos ajude a colocá-lo em prática”.
O Vídeo do Papa, publicado nesta terça-feira (3) com a intenção de oração que Francisco confia à Igreja Católica por meio da Rede Mundial de Oração do Papa, acaba por fazer, então, uma profunda reflexão sobre a situação da Igreja, sua vocação e identidade, chamando a renová-la “a partir do discernimento da vontade de Deus na nossa vida diária”. Para Francisco, em tempos de crise e dificuldades, a Igreja precisa de uma reforma que deve começar pela “reforma de nós mesmos” e “à luz do Evangelho”.
Há poucos meses, foi tornada pública a carta com a qual Francisco rejeitou a renúncia oferecida pelo cardeal Marx. Nela, ele não só concordou que “toda a Igreja está em crise por causa do problema dos abusos”, mas também encorajou o cardeal a continuar seu trabalho como pastor e enfatizou que “a reforma não consiste em palavras, mas em atitudes que tenham a coragem de se colocar em crise, de assumir a realidade seja qual for a consequência. E toda reforma começa por si mesmo. A reforma da Igreja foi feita por homens e mulheres que não temeram entrar em crise e se deixar reformar pelo Senhor”.
Rezar pela Igreja
O Pe. Frédéric Fornos, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, comentou que, “já no final do ano passado, alguns dias antes do Natal, Francisco queria desenvolver o tema da diferença entre conflito e crise, para deixar claro que de uma crise pode sair algo positivo. É um momento propício para o Evangelho e a reforma da Igreja. Como diz o Santo Padre: ‘Devemos ter a coragem de estar prontos para tudo; devemos deixar de pensar na reforma da Igreja como um remendo em uma roupa velha.’ Diante da crise, a primeira coisa que podemos fazer é aceitá-la, como um momento propício para buscar e reconhecer a vontade de Deus. Isso significa não se cansar de rezar, como insiste o Papa; não cansar de seguir o exemplo de Jesus no serviço, na caridade, no encontro com o outro, com quem sofre, com os mais vulneráveis e com quem mais precisa. ‘O caminho sempre tem a ver com verbos de movimento. A crise é movimento, é parte do caminho’, disse o Papa também”, finaliza, então, o diretor internacional. E Francisco encerra o vídeo assim:
“Recordemos que a Igreja sempre tem dificuldades, sempre tem crises, porque está viva. As coisas vivas entram em crise. Só os mortos não entram em crise. Rezemos pela Igreja, para que receba do Espírito Santo a graça e a força de se reformar à luz do Evangelho.”
Fonte: Vatican News