Jane Nogara (Vatican News)
No Angelus deste domingo (26/09) o Papa Francisco destacou um breve diálogo entre Jesus e o apóstolo João que fala em nome de todo o grupo de discípulos (Mc 9, 38-41). João fala de um homem que expulsava o demônio em nome do Senhor, e o impediram de fazê-lo porque não fazia parte do grupo deles. Então o Papa recordou que Jesus convidou a não dificultar os que fazem o bem porque contribuem para a realização do projeto de Deus, explicando:
“As palavras de Jesus revelam uma tentação e oferecem uma exortação. A tentação é a do fechamento. Os discípulos gostariam de impedir uma obra do bem só porque a pessoa que o fez não pertencia ao seu grupo”.
“Cada fechamento mantém à distância os que não pensam como nós. Isto – como sabemos – é a raiz de tantos males da história: do absolutismo que muitas vezes gerou ditaduras e de tanta violência contra aqueles que são diferentes”
Comunidades humildes e abertas a todos
Francisco colocou a questão em relação à Igreja recordando a todos “precisamos estar vigilantes também quanto ao fechamento na Igreja” e detalhou “o diabo, que faz a divisão – é isso que a palavra “diabo” significa – sempre insinua suspeitas a fim de dividir e excluir as pessoas. Tenta com astúcia, e pode acontecer como com aqueles discípulos, que chegam ao ponto de excluir até mesmo os que expulsaram o próprio diabo!”
Ponderando em seguida:
“Às vezes nós também, em vez de sermos comunidades humildes e abertas, podemos dar a impressão de sermos ‘os melhores da classe’ e manter os outros à distância; em vez de tentar caminhar com todos, podemos exibir nossa ‘carteira de crentes’ para julgar e excluir”
Superar a tentação de julgar
“Peçamos a graça – continuou o Santo Padre – de superar a tentação de julgar e catalogar, e que Deus nos preserve da mentalidade do ‘nicho’, da mentalidade de nos guardarmos ciosamente no pequeno grupo dos que se consideram bons. O Espírito Santo não quer fechamentos; ele quer abertura, comunidades acolhedoras onde haja lugar para todos”.
Não compactuar com o mal
Francisco fala também da severidade de Jesus ao exortar contra o julgamento impróprio afirmando que “o risco é ser inflexível para com os outros e indulgente para com nós mesmos”. E que “Jesus nos exorta a não compactuar com o mal”.
“Se alguma coisa em ti é motivo de escândalo, corte-a! Jesus é radical, exigente, mas para nosso bem, como um bom médico. Cada corte, cada poda, é para crescer melhor e dar frutos no amor”
Então perguntemo-nos: o que há em mim que é contrário ao Evangelho? O que, concretamente, Jesus quer que eu corte em minha vida?”
Fonte: Vatican News