Com a celebração das cinzas a Igreja católica propõe um caminho de conversão em preparação à celebração mais importante do cristianismo: a Páscoa. No Domingo de Páscoa Jesus ressuscitou vencendo a morte e dando vida à toda a humanidade. Desta celebração nasceram todas as outras a partir da Páscoa dominical.
O caminho de conversão deve ser feito buscando sempre mais o próprio Deus, pois converter-se significa retornar a Deus para fazer a sua vontade e não a nossa. Significa deixar o pecado e abraçar o projeto do Reino e a misericórdia de Deus.
No Evangelho de hoje Jesus ensina que praticar a justiça significa praticar as boas obras que tornam a pessoa justa aos olhos de Deus. São obras que revelam o amor ao próximo realizado de modo concreto, o modo honesto de viver e trabalhar. Por isso, deve ser silenciosa, ninguém precisa ficar sabendo, pois Deus mesmo “vê” nossas ações.
Também ensina que a oração, que nos aproxima de Deus e nos mantém em diálogo com Ele, deve ser feita de modo humilde diante de Deus e das pessoas, deve ser muito mais com o coração do que com os lábios, cheia de confiança na bondade de Deus, pedindo sobretudo pela vinda do seu Reino e colocando-se à disposição para ajudá-lo na sua construção. Então não é uma oração egoísta e intimista que olha só para mim mesmo e para meus interesses, mas é aberta para concretizar o amor ao próximo.
Durante o caminho de conversão, o cristão é convidado a fazer penitência que, na prática, significa fazer crescer o amor ao próximo. Um modo de fazer penitência é o jejum, que não significa deixar tudo para comer à noite ou amanhã. O jejum cristão precisa ser solidário, precisa ser na linha da partilha, do amor àqueles que não têm alimentos suficientes ou oportunidades para desenvolver-se plenamente como filhos e filhas de Deus.
Campanha da Fraternidade 2021 e o Franciscano
O tema da CF deste ano chama a atenção para a necessidade do diálogo para formar uma sociedade mais justa e viver em paz. São Francisco de Assis, acolhendo a inspiração de Deus se fez irmão de diálogo. Ele quis inserir na vida e regra de sua Fraternidade o modo como os irmãos deveriam estar no mundo sem brigas ou disputas de palavras e sem julgar os outros (RB 3).
Em nossa missão de franciscanos, seja em paróquias, santuários, escolas ou nos diversos outros âmbitos de atuação, todos somos chamados a empenharmo-nos no diálogo: social, ecumênico, inter-religioso e intercultural.
Impelidos pela Encíclica “Irmãos Todos” do Papa Francisco, precisamos ampliar os horizontes do diálogo para criar um mundo melhor, que precisa ser construído juntos (cf. FT 211) unindo forças e não propagando divergências e ódio.
Frei Valmir Ramos, OFM