Eu, Frei Suelton Costa de Oliveira, OFM, frade do quinto ano de Profissão Temporária da nossa Custódia Franciscana do Sagrado Coração de Jesus, venho por meio desta relatar minha experiência do ano missionário realizado aqui na cidade de Capaccio nos anos de 2020 e 2021.
Essa missão aqui na cidade de Capaccio Capoluogo iniciou no dia 14 de setembro de 2018. A cidade está situada na Província de Salerno de frente ao Mar Tirreno, sul da Itália. Aqui nos firmarmos para darmos início a vida e missão nos moldes dos Santos Evangelhos e com Espiritualidade Franciscana.
No primeiro momento, quero recorda a disponibilidade dos frades por me acolherem no meio deles de forma simples e singular. Ao Frei Ademir (Neco) que junto com Antonio Martorano (Organista do Convento) foram até o aeroporto em Roma no dia em que cheguei (16 de fevereiro de 2021) e me acolheram e portaram-me até a Capaccio. Ao Frei Flaerdi que, ao me ver, agradeceu por eu ter aceitado em colaborar com a missão e ser um com eles. Frei Patrick que organizou um quarto para minha comodidade, bem como se preocupou em deixar-me uma semana tranquilo para me adaptar, depois tivemos a primeira conversa fraterna e, assim, me apresentou a programação da casa bem como o funcionamento da mesma. Por fim, a grande acolhida do povo de Capaccio e Monteforte (duas cidades onde temos paróquias) que não mediram esforços em prepara um belo momento fraterno de acolhida.
Aqui em Capaccio e seus distritos circunvizinhos pude notar a forte presença da Família Franciscana por meio da OFS e a expressiva quantidade de jovens e crianças. Estes sempre relatam que estavam a 20 anos sem a presença religiosa-espiritual dos frades e se encontravam dispersos e necessitados, mesmo com a participação ativa dos leigos e leigas quando assumiram o cuidado do Convento durante todo esse tempo. Nossa presença missionária tem reacendido nesse povo a alegria e o espírito de cada um e cada uma, na certeza de que suas preces e orações valeram a pena, pois hoje acolhem aquilo que um dia era esperança.
Também é notório a numerosa presença de imigrantes com destaque no trabalho na agricultura, e muitas das vezes um trabalho irregular e escravo; as mulheres que são obrigadas a se prostituírem-se para sua sobrevivência e de seus filhos. Muitas delas exploradas por grupos de mafiosos. São poucos os que conseguem se estabelecer e seguir um percurso de vida, digamos que, mais tranquila. E, diante disso, nos encontramos para colaborar e somar forças com a Cáritas Italiana, a Conferência Episcopal Italiana (CEI), a Diocese local e com a Liga Ambiente (Legambiente – ONG) que ambos já realizam trabalhos a anos com os imigrantes, como por exemplo: acolhida, vestimentas, documentações, residência, alimentação, trabalhos, medicamentos, estudos e etc.
Passados três semanas da minha chegada aqui na Itália, acompanhando o nosso trabalho fraterno junto aos imigrantes, infelizmente, logo em seguida, tudo foi obrigado a ser fechado por conta da pandemia do COVID-19 e nós tínhamos que permanecermos em casa, como vocês também tem experimentado esse fato. Porém, busquei e continuei buscando vivenciar intensamente esse momento importante do ano apostólico como extensão necessária e oportuna na minha vocação, principalmente nas dimensões de Fraternidade, Missão, Trabalho, Formação, Cultura e Estudos. Aproveitei cada momento com simplicidade e alegria, e todas as circunstâncias que o dia-a-dia me trouxe. No aspecto da espiritualidade, também, tenho buscado “não perder de vista meu ponto de partida”, ou seja, naquilo que acredito e depositei com fé, esperança e amor: Cristo e seu Evangelho.
No mês de junho algumas coisas começaram a funcionar e pudemos nos transitar, mas de maneira bem restrita, ou seja, foi um semestre totalmente recluso, sem no mínimo podermos praticar alguma atividade pastoral, por exemplo. O que nos fortalecíamos eram as orações em fraternidade e pessoal. As mídias sociais nos deram grande oportunidade de estarmos vizinhos do povo de Deus. Aos poucos, e com muita prudência, no segundo semestre nós pudemos nos movendo e procurando aplicar alternativas viáveis no âmbito pastoral da nossa missão e evangelização, seja nas paróquias, no convento, em fraternidade, como junto aos imigrantes. Durante o tempo da Pandemia, nossa fraternidade e a fraternidade da OFS realizamos a confecção de máscaras, e junto a nossas Paróquias realizamos as entregas para os migrantes.
A nossa missão, desde o projeto inicial, segue as orientações do Papa Francisco de ser igreja em saída, de sair do comodismo e de ser anunciadores da Alegria do Evangelho. Buscamos ser presença espiritual, acolhedora e orientadora.
Em 2021 Criamos a Missa para os Imigrantes na qual arrecadamos alimentos não perecíveis e produtos de higiene pessoal e de limpeza. Entregamos a mais de 20 famílias de migrantes espalhadas pelas cidades vizinhas. Nesse tempo também me dediquei a estudos pessoal sobre teologia, franciscanismo, italiano (no qual sou muito grato ao Professor Gaetano Puca que com maestria me ajudou muito) e aproveitei também para participar e organizar, junto ao JPIC da nossa Custódia, formações on-line sobre a Laudato Sii, Economia de Francisco e Clara e Análise de Conjuntura Política do Brasil. Também destaco a maravilhosa e impagável experiência de conhecer grandes e principais lugares de forte cultura e de espiritualidade franciscanos, onde se fala fortemente sobre São Francisco e Santa Clara, além de Santo Antônio, São Bernardino de Sena e entre outros santos e santas franciscanas que viveram por aqui na Itália: Assis, Pádua, Veneza, Roma, Nápoles, Ilha de Capri.
Foram tempos bem proveitosos em que pude experimentar com dedicação, desde confecções de produtos próprio que o convento produz por meio da Fraternidade da OFS: Marmeladas, Licores, produtos em conserva de óleo e vinagre (típico italiano), como limpeza do convento, trabalhos braçais nas paróquias, liturgias, de modo particular celebrar a Liturgia da Palavra com a distribuição da Sagrada Comunhão. Enfim, atividades que não faltaram, experiência fraterna que nos fortificaram e unidade com a igreja e o povo que nos motivaram e motivam em nossa caminhada cristã e vocação religiosa franciscana.
Me encontro feliz e realizado na minha vocação Religiosa Franciscana. Busco sempre perfazer e se reencantar nesse ideal de vida que São Francisco nos deixou. Só tenho a agradecer, porque, “até aqui nos ajudou o Senhor Deus” (1Sm). Peço-vos vossas orações e preces, e também me coloco em comunhão de orações por todos.
Que Deus, por intercessão do nosso Seráfico Pai São Francisco de Assis, nos abençoe e nos guarde sempre. Desejo-vos saúde e felicidades. Paz e Bem!
Fraternalmente em Cristo, Francisco e Clara de Assis,
Frei Suelton Costa de Oliveira, OFM