Educandário de Bebedouro/SP acolhe colaboradores de nossas Obras Sociais para a “Jornada de Pedagogia Franciscana 2022”

Nesta sexta-feira (26), aconteceu no Educandário Santo Antônio, em Bebedouro/SP, a Jornada de Pedagogia Franciscana. Contou-se com aproximadamente 170 colaboradores(as) das obras sociais da Custódia Franciscana do Sagrado Coração de Jesus e contou também com a presença de irmãs franciscanas e suas colaboradoras. Esses vieram de várias cidades como: Uberlândia/MG, Franca/SP, Ribeirão Preto/SP, Olímpia/SP, Garça/SP, Taquaritinga/SP, além da cidade anfitriã. Estão presentes nas várias instituições de educação como: Educandários, Patronatos, Creches e abrigos para crianças e adolescentes.

O objetivo desta jornada é aprofundar os valores e o sentido mais profundo do ser humano, a exemplo de São Francisco de Assis um homem totalmente evangélico, ou seja, que configurou-se plenamente na pessoa de Jesus Cristo. Linhas de trabalhos também foram oferecidos como propostas e refletidos para que despertem os colaboradores(as), motivando-os a continuarem e serem criativos nos lugares onde atuam e tem como fonte inspiradora São Francisco e seu carisma.

A Jornada foi organizada e conduzida por Frei Valmir Ramos, OFM, Frei Everton Leandro Piôtto, OFM e Frei João Paulo Gabriel Mendes de Moraes, OFM. Ambos tiveram momentos propícios para reflexões pertinentes a pedagogia franciscana. Esses momentos foram divididos em dois períodos: manhã e tarde. Pela manhã, subdividida em duas partes.

Frei Valmir, OFM iniciou a Jornada com um momento de oração escrito por São Francisco, intitulada, “Paráfrase ao Pai-Nosso”. É a oração do Pai-Nosso em que o santo a repartiu por frases complementando-a e aprofundando a partir de um entendimento místico e de uma experiência pessoal de Deus.

Em seguida, Frei Everton, OFM tomou a palavra falando sobra a biografia de São Francisco e ressaltou a sua importância como exemplo para as crianças, especialmente aquelas que são acompanhadas em nossas instituições de ensino. Para os demais, jovens, adultos e, particularmente, nossos gestores, o sentido da educação franciscana e a afetividade humana na relação mútua, entre os iguais, transparecem o sentido maior da existência, o amor/verdade que constrói uma sociedade: justa, solidária, fraterna, que dar e recebe perdão e se torna consciente de que o outro é meu semelhante e juntos somamos na construção. Ainda na fala do Frei Everton, OFM, foi-se destacado de maneira concreta que a pedagogia franciscana perpassa nos mais variáveis serviços, sejam eles do simples ao mais burocrático/administrativo. O toque da espiritualidade, que não são os gestos piegas, é que faz a diferença, dar sentido e vida aquilo que realizamos como atividades: desde uma limpeza do banheiro à organização pedagógica, tudo são formas de educar e dar testemunho.

No segundo momento da manhã, Frei João Paulo, OFM conduziu e, em sua fala, trouxe o aspecto da Antropologia Franciscana. Na sua reflexão filosófica perpassou pelo pensamento de Sócrates, no qual ressalta que “uma vida que não é examinada, que não é refletida, é uma vida que não merece ser vivida”. Traz, nesse pensamento, a necessidade de um profundo autoconhecimento para haver um olhar de mundo na perspectiva encarnada/humana. Já na visão franciscana, endossou dizendo que “o mundo, criado no amor e pelo amor, deve ser contemplado e reverenciado como dádiva e não como coisa imanente. O mundo criado é o livro com que Deus se dá a conhecer ao universo humano.” Ressaltou também que tudo se conecta, pois “tanto para Francisco como para Clara de Assis, para olhar o outro, o mundo em que se vive, é necessário sempre o autoconhecimento, passar por si, conhecer as próprias mazelas e se contentar com as próprias luzes que carrega. A construção de um mundo novo, o que Jesus chamou de reino de Deus, perpassa o individual, e por fim, “está fazendo o impossível”, já dizia São Francisco. Continuando na cosmovisão/antropológica franciscana, referiu-se também a São Boaventura no aspecto em que ele traz a relação Trinitária (Pai, e Filho e Espírito Santo) como testemunha de comunidade que nos impulsiona a uma verdadeira relação fraterna. Concluindo, destacou Frei João, OFM que “para o franciscanismo, a melhor definição do homem é a pessoa humana. Isso porque essa realidade não é essencialista, não é acabada e não pode ser sem ser em relação a outras realidades. E mais, essa relação com tudo e com todos é capaz da constituição do ser, de melhoria, de qualificação, de acréscimos de elementos que enriquecem a existência.

Findando os momentos de reflexão e estudos matutinos acerca da pedagogia franciscana, após o almoço, adentrou-se nas reflexões provocativas conduzidas por Frei Valmir, OFM. Ele falou que São Francisco é um homem que constrói a paz e que vai ao encontro do perigo e é capaz de transformar em concórdia aquilo que gerava conflito, exemplo disso é o episódio sobre o lobo de Gúbbio narrado no livro de I Fioretti, capítulo 21. São Francisco vai de encontro com o diferente, de encontro com a “fera”, pois ele sabe ler os sinais de perigo, ver além das aparências e contorna aquilo que gera confusão e desmantelo em paz. Nesse sentido, nos gera um questionamento: “como lidamos com os conflitos ocasionados nas nossas instituições em que estou a serviço?”.

É interessante compreender também que para o franciscanismo e seus admiradores, a síndrome do desejo de poder não se encaixa no seu modo de vida. O ser humano que abraça esse carisma é convidado a sair desse sistema poderio, hierárquico e de super comando que causa disputa, discórdia e desintegra a essência daquilo que é próprio do franciscano, a fraternidade. É nesse modelo pedagógico que se constrói a igualdade sendo espelho para a sociedade. A aparência também é um problema, pois se expõe só o que é estereótipos e se deixa o que é essencial, o interno de cada um, por exemplo. A busca de valorizar o eu interior e seus dons são prioridades para um bom serviço ao próximo e a si mesmo. Outro questionamento surge nessa linha: “como eu exerço a minha autoridade como educador?”.

São Francisco é um homem do seu tempo, ele se inseriu e teve empatia com o outro e com o cosmo, por isso a ideia de que o mundo não é bom não se enquadra na ideia do franciscanismo, e que o isolamento não constrói pontes, mas sim muros. Essa expressão nos coloca diante do desafio de um mundo que se encontra doente, sem perspectiva e esperanças, daí surgem duas perguntas: “O que posso fazer para que o mundo seja melhor?” e “o que faço para o crescimento de todos?”

São Francisco, em um episódio em que ele se encontra na neve e com muito frio, ao lado de Frei Leão, sente uma das maiores experiência de condição humana. Nesse interim, Frei Leão lhe pergunta “o que é a perfeita alegria?”. Como resposta, diz que a “Perfeita Alegria” é, por exemplo, “formos rejeitado, que os frades batam o portão na nossa cara, não nos queiram receber no convento, mesmo que nos batam e nos joguem água, isso é a Perfeita Alegria!”. A Perfeita Alegria é a capacidade de compreende e suportar qualquer rejeição, e também se colocar, com alegria, na compreensão que o outro é meu semelhante, e nisso sou capaz de ser como ele, nos tira o pensamento soberbo e podemos melhorar como pessoa e ser feliz com o outro.

São tantas as reflexões que poderíamos continuar abordando de tão rica que foi a Jornada de Pedagogia Franciscana, mas fica como tarefa concreta para darmos continuidade nos nossos serviços e atividades. Que Deus, por intercessão de São Francisco, nos abençoe e nos guarde!

PAZ e BEM…

Jorge Leandro Santos da Silva (Vocacionado)
Frei Suelton Costa de Oliveira, OFM