LEITURAS: Zc 12,10-11.13,1 / Sl 62 / Gl 3,26-29 / Lc 9,18-24
Jesus, estando em oração, pergunta aos discípulos sobre o que dizem as multidões a respeito d’Ele. Depois sobre quem os discípulos pensam que Ele seja. Pedro reponde por todos: “o Cristo de Deus”. Esta resposta vai além da visão das multidões, que viam Jesus como um grande profeta. Jesus, porém, proíbe os discípulos de anunciá-lo como o Cristo, o Messias. Este é o chamado “segredo messiânico” que parece ser usado como estratégia para não confundir o povo.
Jesus é visto como profeta, mas não á apenas profeta. É o Ungido, o Messias, o Cristo, é Deus mesmo que assumiu a condição humana e por isso se diz “Filho do Homem”. Jesus é Aquele anunciado pelos profetas e também por Zacarias, como vemos na primeira leitura. Acontece que Ele revela que vai passar pelo sofrimento, pela morte e pela ressurreição que não eram compreensíveis aos discípulos. Ao mesmo tempo, Ele convida os seus seguidores a abraçar o mesmo projeto, seguir o mesmo caminho, tomar a mesma cruz e depois ressuscitar com Ele: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”.
Certamente os discípulos só entenderam esta afirmação depois da ressurreição de Jesus e da vinda do Espírito Santo, pois eles mesmos não queriam que Jesus morresse. Por isso vemos na carta de São Paulo aos gálatas a expressão “batizados em Cristo”, que carrega o sentido de que com Cristo vivemos, por Ele morremos e por Ele nos salvamos.
Hoje Jesus nos interpela para que, como discípulos missionários, sejamos capazes de nos doarmos completamente, e este é o significado de “abraçar a cruz” e de servirmos a humanidade como cristãos e como Igreja. Pelo batismo nos tornamos também iguais aos olhos de Deus, por isso a necessidade de viver a solidariedade com os mais pobres e sofredores. São Francisco de Assis, irmão universal, deu testemunho com a sua vida que somos “todos filhos de Deus” por isso o seu olhar é de misericórdia e de ternura, que condena a violência e chama à conversão que reparte o amor, a veste e o pão.
Frei Valmir Ramos, OFM