LEITURAS: Is 62,1-5 / Sl 95 / 1Cor 12,4-11 / Jo 2,1-11
O Evangelho segundo João é o único texto que traz o “primeiro sinal” que Jesus realizou no meio do seu povo. Então chegou a hora da revelação. De fato, os “sinais” no Evangelho de João revelam que Jesus é o Messias, o Deus que não abandona o seu povo a quem ama como um esposo. A imagem do casamento é emblemática para indicar o amor, a ternura e a misericórdia de Deus.
O profeta Isaías anima o povo de Jerusalém anunciando o grande amor de Deus que a chama de “minha predileta”, “uma coroa de glória”, “a alegria do teu Deus”. Era um tempo em que o povo estava cansado, sem esperança, impaciente, pois retornava do exílio e tudo estava destruído e muito confuso. O profeta como porta-voz de Deus, anuncia algo novo, fala de “um nome novo”, de justiça e indica uma nova aliança. Isto quer dizer um novo empenho de Deus com o seu povo que também deverá empenhar-se com as cosias de Deus e a sua justiça.
O vinho novo das bodas de Caná é repleto de significado, pois chegou o novo tempo, que é o tempo do Messias, tempo da salvação do povo de Deus. Este tempo messiânico é indicado como um banquete de casamento. E aí está Jesus participando de uma festa de casamento. Ele se revela ao seu povo de maneira simples e na vida cotidiana. Ele mesmo é o esposo que agora está no meio do povo amado por Deus e sua ação revela seu empenho de amor, de ternura e misericórdia.
A água antes usada para os rituais de purificação, agora é “vinho novo”. Isto significa que o ritualismo judaico estava superado e com a chegada do tempo messiânico, já anunciado por João Batista, é necessário uma nova atitude que corresponda ao amor esponsal de Deus, purificando o interior dos sentimentos de egoísmo, de desejo de vingança, de violência, de discriminação, de preconceito e das injustiças contra irmãos e irmãs.
Para os cristãos de hoje, a atuação e revelação de Jesus nas bodas de Caná significa que é tempo de abertura para acolher o Messias com o seu projeto de salvação. É tempo de abraçar com alegria o Deus que se revela como esposo, amigo, cheio de ternura e misericórdia para com o seu povo e de prestar atenção às necessidades daqueles que sofrem por falta de alimento, de remédio, de casa, de terra, de emprego e de qualquer outro elemento que proporcione vida digna de filhos de Deus.
Frei Valmir Ramos, OFM