LEITURAS: Dn 12,1-3 / Sl 15 / Hb 10,11-14.18 / Mc 13,24-32
A linguagem apocalíptica da 1ª leitura do livro de Daniel, faz pensar num momento catastrófico do julgamento de Deus em que Miguel, mensageiro de dele, salvaria o seu povo. O profeta, que é porta voz de Deus, suplica pela fidelidade do povo para que no fim dos tempos, este mesmo povo, seja salvo por Deus.
O Capítulo 13 de São Marcos concentra o ensinamento escatológico de Jesus, entendido como um novo tempo em que reinará o Deus verdadeiro, vencedor das injustiças e de todo mal. No início desse capítulo, os discípulos estão admirados com o esplendor do templo e, no Evangelho deste Domingo, vemos uma resposta de Jesus sobre aquela grandiosa construção em Jerusalém que será destruída como todo poder temporal. Por isso, às vezes, esta Palavra é lida como sendo indicação do fim do mundo. Na verdade, a referência às catástrofes cósmicas é indicação do poder de Deus diante de toda a criação e não destruição da mesma. Por outra parte, Jesus reafirma a eternidade da Palavra de Deus. Tudo passa, os poderes desse mundo passam, o ciclo da vida passa, mas as “palavras” de Jesus “não passarão”.
A “parábola” da figueira faz perceber imediatamente a intenção do evangelista em não confundir o leitor com a ideia do fim do mundo, mas indicar a vitória de Jesus como Salvador da humanidade. Os discípulos devem ler os sinais dos tempos como fazem quando veem a figueira brotando e sabem que o inverno passou. Assim também devem estar vigilantes para acolher o Salvador e participar do seu Reino glorioso.
A carta aos Hebreus fala de Jesus Cristo sentado à direita de Deus, indicando a sua glória conquistada por sua obediência plena à vontade do Pai e por seu amor infinito pela humanidade a ponto de entregar a sua própria vida como “sacrifício único pelos pecados”.
Aos cristãos de hoje, esta palavra lança uma luz na vivência da fé com obras que a solidificam, que fazem com que cada cristão esteja sempre mais ligado ao Mestre Salvador por reconhecê-lo nos sofredores, que lê os sinais dos tempos e reconhece que Deus continua falando e agindo no meio da humanidade. Por isso mesmo os cristãos precisam rechaçar todo desejo de grandeza, de poder, de domínio e, com humildade, colocar-se a serviço dos pequenos e desprezados deste mundo como fez Jesus mesmo.
Frei Valmir Ramos, OFM