Solenidade de Todos os Santos: “Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus!”

LEITURAS: Ap 7,2-4.9-14 / Sl 23 / 1Jo 3,1-3 / Mt 5,1-12

Santos, filhos e filhas de Deus fiéis ao mandamento do amor. “Sede santos como eu sou Santo” (cf Lv 11,44) é o pedido que Deus mesmo faz a todos desde que revelou-se ao seu povo no Antigo Testamento. O termo “santo” vem de uma palavra hebraica cujo significado indica o que é separado daquilo que não é de Deus. A ideia é a de almejar e alcançar a perfeição de Deus. No Evangelho segundo Mateus, em seguida ao texto desta celebração, encontramos a expressão “sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste” (Mt 5,48). O significado de “perfeito” é relacionado à integridade, à fidelidade a Deus e à sua vontade.

Refletindo assim entendemos a celebração dos Santos, isto é, de pessoas que colocaram-se a caminho em busca da perfeição e foram fiéis a Deus e à missão de realizar ações concretas de amor ao próximo (cf. Mt 25,31-46). Muitos foram testemunhas fiéis entregando a vida no martírio, outros na construção do Reino, na evangelização, outros no amor misericordioso e sem limites para com os sofredores, outros ainda dedicando-se às coisas de Deus no silêncio e na mais sublime humildade. Em uma palavra, santos são aquelas pessoas capazes de viver plenamente a fidelidade e o amor a Deus e ao próximo.

Jesus indicou o caminho da santidade ensinando as bem-aventuranças. No Evangelho segundo Mateus lemos: “pobres de espírito”, “aflitos”, “mansos”, “famintos e sedentos de justiça”, “misericordiosos”, “puros de coração”, “promotores da paz”, “perseguidos por causa da justiça”, “fiéis na perseguição”. Se no Antigo Testamento Deus convidou o seu povo a ser santo e deixar os ídolos, no Evangelho Jesus convida os cristãos a seguirem o caminho das bem-aventuranças para serem santos e participarem do Reino de Deus. É um caminho de compromisso sensível às necessidades dos outros, sem fechar-se no egoísmo, sem prepotência, sem desejo de vingança e, ao contrário, fiel a Deus e sentindo-se responsável pela vida em plenitude de todos os outros.

Em nossos dias existem muitos santos e santas “anônimos” no mundo. São pessoas que vivem a vontade de Deus, fazem tudo pelos outros, entregam-se para que outros tenham vida plena, dedicam-se silenciosamente na construção da paz, agem sempre com coração diante das pessoas, mesmo as pecadoras… Temos muitos mártires santos, mulheres e homens que deram sua vida por fidelidade à fé, por não abrir mão do projeto de Deus e dos valores do Evangelho, por defender a vida de outras pessoas e da natureza, nossa Casa Comum. Todas estas pessoas são santas, “uma multidão incontável” como lemos na 1ª leitura. Todos aqueles reconhecidos pela Igreja e todos estes recebem o “dom de serem filhos de Deus” que São João anunciou na 2ª leitura e, por isso mesmo, são bem-aventurados.  

A palavra de Jesus continua ressoando para todos os cristãos: “sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste”. Por isso mesmo, todos são chamados a viver plenamente o amor para com Deus, para com os irmãos e irmãs e para com a Irmã Mãe Terra como o fez São Francisco de Assis.

Frei Valmir Ramos, OFM