LEITURAS: Ex 19,2-6a / Sl 99 / Rm 5,6-11 / Mt 9,36-10,8
O envio dos discípulos que vemos no Evangelho deste Domingo acontece quando Jesus está cumprindo a sua missão passando pelas cidades e povoados. Como é natural de Jesus, Ele “vê as multidões e enche-se de compaixão porque estavam cansadas e abatidas como ovelhas sem pastor”. Este sentimento de Jesus revela a ternura de Deus para com seus filhos e filhas. Ele mesmo é o bom Pastor que substitui os maus pastores que deixam o seu povo sem o cuidado necessário diante das ameaças e da fome. Na Bíblia, a imagem do pastor era utilizada para indicar os chefes do povo, aqueles que tinham a missão de cuidar do povo. Como eram negligentes e interesseiros, Deus sempre os exortou através de seus profetas. No tempo de Jesus não era diferente. Os que deviam cuidar do povo eram os que mais o atacavam e exploravam.
Moisés é reconhecido como um líder que foi chamado e enviado para proclamar ao povo: Deus o havia libertado da escravidão do Egito e queria selar uma aliança de amor e cuidar dele. A única exigência era “ouvir a sua voz” e “guardar a sua aliança”, isto é, uma via de mão dupla onde Deus cuida do seu povo e este observa os seus mandamentos de amor e empenha-se com o seu Reino de justiça.
São Paulo escreveu aos romanos dizendo que “Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores” e “fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho”. A ação de Deus ao enviar o seu próprio Filho indica o seu amor infinito pelos seus filhos e filhas, mesmo que pecadores. Jesus, sabendo da necessidade de construir o Reino de Deus neste mundo para todos os povos, quis enviar os seus discípulos como “trabalhadores da messe”.
São Mateus apresenta o mandato para ir “primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Este era o pensamento da comunidade cristã primitiva, mas não reflete o que Jesus fez na prática quando passava pela Samaria e ia para a região da Decápolis. Ele realizava a sua missão de anunciar o Reino e salvar a todos sem fazer acepção de pessoas e inaugurou um modo novo de estar com as ovelhas, isto é, de ser o pastor que não é o dono que comanda, mas o companheiro que cuida, é reconhecido pela voz e dá a vida por elas. A relação pastor e ovelha é baseada no amor mútuo, que tem seus fundamentos na relação do Pai que ama o Filho e este ama o Pai (cf Jo 14,20). Por isso Ele cura, devolve a vida, a dignidade, a esperança, reinsere os excluídos, acolhe os pecadores e oferece um novo caminho de amor e justiça para todos.
Hoje os cristãos são chamados a continuar a missão de Jesus para que nenhum filho ou filha de Deus seja desrespeitado na sua dignidade e tenha a sua vida preservada.
Frei Valmir Ramos, OFM