LEITURAS: 2Sm 5,1-3 / Sl 121 / Cl 1,12-20 / Lc 23,35-43
São Lucas não fala dos insultos que Jesus recebia dos passantes, como os outros evangelistas, apenas que o “povo estava olhando”. Lucas inclui na cena aqueles que condenaram Jesus, isto é, os chefes, os soldados e os malfeitores que foram também crucificados. Todos pedem que Jesus “salve”. Os chefes, os soldados e um dos malfeitores pedem que “salve-se a si mesmo” e só um dos malfeitores pede que Jesus lembre-se dele quando chegar no seu Reino. A este Jesus prometeu o paraíso naquele mesmo dia. Com esta narração, Lucas mostra que Jesus veio salvar os que se arrependem dos pecados e acreditam em Deus.
“Este é o Rei dos judeus”, dizia o letreiro. Mas os reis se sentam em tronos e comandam os seus súditos. Por isso, a posição de Jesus pregado na cruz está em contraste com a sua realeza. O mundo não pode entender… não pode acreditar que “tudo foi criado por meio dele e para ele” como nos diz São Paulo na segunda leitura. E mais, “Ele é o Princípio, o Primogênito dentre os mortos”. Talvez o mundo entenda a coroação de Davi em Hebron, que sucedeu o rei Saul no Reino de Israel, pois os povos têm os seus reis… Também o que é difícil para o mundo entender é que o Reino de Jesus não é de poder e de domínio, mas de serviço.
Pregado na cruz está o Rei que cumpriu a vontade do Pai, começou a construção do seu Reino neste mundo para garantir vida plena para todos. Ao manter-se fiel a Deus e não responder aos insultos, Jesus deu testemunho a qual Reino Ele pertence. Sendo Rei não defendeu a si mesmo, aos seus próprios interesses e até à sua própria vida. Ao contrário, defendeu a outros e entregou a sua vida.
Existem sinais do Reino já presente no mundo, onde existem atitudes de respeito à vida e ao ser do outro, de solidariedade, de partilha do gosto pela vida, de serviço humilde e gratuito. Contudo, todos nós cristãos de hoje somos interpelados pelo Rei que dá vida e não ameaça, não desqualifica e não destrói a vida dos outros. A missão da Igreja e de todos os cristãos fica ainda mais clara diante da ação daquele que é “a Cabeça do corpo, isto é, da Igreja”. Ele é Mestre, Rei e Servo para que seus irmãos e irmãs sejam servidores e construtores do seu Reino neste mundo.
Frei Valmir Ramos, OFM
Fonte (Imagem): Vatican News