LEITURAS: Ml 3,19-20a / Sl 97 / 2Ts 3,7-12 / Lc 21,5-19
O Evangelista Lucas apresenta o ensinamento de Jesus no templo, onde estava uma multidão cumprindo os preceitos religiosos do povo judeu. O elogio à beleza do templo foi colocado imediatamente depois que Jesus fez notar o grande dom da viúva que depositou uma moeda como oferta. Parece até que algumas pessoas queriam uma forma para desviar a atenção da grande injustiça que se cometia com as pessoas pobres e desprotegidas. A grandeza do templo significa poder, significa sacrifício de muito recurso material e até de vidas humanas para construir um imponente edifício em nome de Deus. O mesmo Deus que faz morada nos corações de seus filhos e filhas e não entre paredes de pedra. O templo de Jerusalém era o último símbolo do poder de um povo que, na época de Jesus, estava dominado pelo Império Romano. E foram os romanos que o destruíram no ano 70.
Portanto, o contexto do Evangelho deste Domingo é o do enfrentamento do poder deste mundo, seja da imponência do poder econômico e religioso, seja do poder político. Por isso, Jesus alerta os discípulos para não serem daqueles que buscam o poder, o domínio sobre os outros, as belezas fúteis sem vida e sem coração. Ao contrário, os discípulos devem ser daqueles que “permanecem firmes” diante da perseguição, que não se deixam enganar por falsos anunciadores que dirão ter vindo em nome de Jesus, mas que têm a certeza da presença de Jesus com eles diante dos “tribunais” dos poderosos. O Profeta Malaquias anunciou na primeira leitura que para “quem teme o nome do Senhor nascerá o sol da justiça, trazendo a salvação”. Esta é a certeza de que o único capaz de salvar é o próprio Deus e não os poderosos deste mundo.
Para os cristãos de hoje, fica claro o ensinamento sobre a necessidade de ler e interpretar bem os sinais dos tempos, de adotar um estilo de vida simples e austero, sem buscar poder, prestígio ou privilégio de um mundo material sem alma e sem coração. Nas comunidades, todos somos chamados ao serviço, às celebrações sóbrias e à preparação do lugar digno para o encontro com Deus sem ostentação de poder e de superioridade. O empenho na construção do Reino de Deus deve ser prioridade no uso do tempo e dos recursos.
Frei Valmir Ramos, OFM