LEITURAS: Is 58,7-10 / Sl 111 / 1Cor 2,1-5 / Mt 5,13-16
São Mateus apresenta o ensinamento de Jesus iniciado no capítulo 5 e finalizado no capítulo 7 como um discurso feito aos discípulos e discípulas, conhecido como discurso da montanha. No texto deste Domingo Jesus inicia deixando claro a missão todos eles que, uma vez chamados por Deus, deverão fazer resplandecer a sua presença no mundo. A luz prometida por Deus através dos profetas brilha com a encarnação de Jesus (cf Jo 1,4.9) e torna-se missão para os seus discípulos.
Jesus mesmo é a luz que brilha nas trevas, é o enviado de Deus que não quer seus filhos e filhas envolvidos nessas trevas. Isto significa vida. É o Deus vivo que dá vida e acompanha os viventes iluminando os seus passos. Para o mundo bíblico, a luz é primeira criação de Deus (cf Gn 1,3). E é Ele mesmo que ilumina o caminho do seu povo como vemos no êxodo (cf Ex 13,21; Jo 12,46). E no profeta Isaías na primeira leitura, Ele espera que o seu povo faça brilhar a sua luz no mundo encoberto pelas trevas. Quem faz brilhar a luz e ao mesmo tempo se beneficia dela é o justo que, no livro do profeta Isaías, é quem “reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos… cobre o que está sem roupa”; é quem “destrói os instrumentos de opressão, deixa os hábitos autoritários e a linguagem maldosa”; é quem “acolhe de coração o indigente e presta socorro ao necessitado”.
O ensinamento de Jesus faz com que os discípulos entendam que não basta o nome “cristão” para participar da Luz eterna, mas “é preciso revestir-se das armas da luz e rejeitar as obras das trevas” como dirá São Paulo (cf Rm 13,12). O cristão que não busca “o Reino de Deus e a sua justiça” (cf Mt 6,36) será como o sal que perdeu o sabor ou a lâmpada colocada debaixo de uma vasilha. Certamente esta não é a atitude esperada por Jesus para os seus discípulos e discípulas, missionários e missionárias do Reino.
Por isso, hoje todos os cristãos precisam de um olhar crítico sobre atitudes não condizentes com o que é justo aos olhos de Deus, seja em ações contrárias ao Evangelho e ao mandato de Jesus, seja em atitudes superficiais de apoio às “obras das trevas” disfarçadas de boas ações.
Frei Valmir Ramos, OFM