LEITURAS: Is 8,23b-9,3 / Sl 26 / 1Cor 1,10-13.17 / Mt 4,12-23
O evangelista Mateus interpreta o profeta Isaías como uma Palavra que se cumpre na ação de Jesus que deixa Nazaré e vai para as margens do lago denominado “mar da Galileia”. O profeta Isaías tinha anunciado “uma grande luz” e que o “jugo de oprimia o povo” seria abatido. Quando Mateus viu a ação de Jesus entendeu que Ele era aquela luz e que era Ele o libertador e salvador do povo de Deus “que andava na escuridão” e carregava o peso da opressão. A notícia da prisão de João Batista determinou o início da atividade missionária de Jesus.
Às margens do mar da Galileia e à distância do centro do poder e das decisões religiosas e políticas de Jerusalém, Jesus inicia o anúncio do “Reino dos céus”. Esta é uma palavra chave na pregação de Jesus que para Mateus designa o reinado de Deus. João Batista tinha pregado a conversão porque o Reino estava próximo. Agora Jesus começa a realizá-lo com o anúncio e as obras. As exigências do Reino dos Céus são de caráter ético, quer dizer, para “entrar” no Reino é preciso praticar a justiça e realizar a vontade de Deus, é preciso converter-se e tornar-se humilde como criança inocente. Por outro lado, Deus oferece o seu Reino como dom de salvação a seus filhos e filhas que abraçam a mensagem e a pessoa de seu Filho Salvador. Pode-se constatar a presença do Reino onde estão os sinais do amor, da misericórdia, da justiça, da vida em abundância para todos, da fraternidade e da solidariedade.
Jesus chama pescadores, homens simples e trabalhadores, para ajudá-lo na missão de anunciar e construir o Reino dos céus neste mundo. A narração de Mateus sugere uma adesão imediata dos irmãos Pedro e André, Tiago e João. Isto indica que o anúncio de Jesus é eficaz e cheio de vida. Por outro lado, é possível intuir o estupor dos pescadores diante do Nazareno que tem uma mensagem bem diferente dos pregadores já conhecidos por eles e dos reis daquele tempo que não se importavam com as misérias e os sofrimentos do povo. Se acende uma “grande luz” e, juntos, os discípulos acompanham o Mestre na construção do Reino que começa já neste mundo.
Hoje todos os cristãos são chamados também a contribuir na construção do Reino dos céus, não divididos como vemos na segunda leitura. Ao contrário, unidos em e com Jesus Cristo para cumprir a vontade de Deus praticando a justiça, vivendo o amor em ações concretas de misericórdia e solidariedade, lutando pela vida digna de todos e de todas as criaturas. As Igrejas cristãs precisam unir suas forças para defender e promover a vida, a justiça e a paz para todos.
Frei Valmir Ramos, OFM