LEITURAS: Dt 6,2-6 / Sl 17 / Hb 7,23-28 / Mc 12,28b-34
No Evangelho deste Domingo um escriba pergunta a Jesus sobre “o primeiro de todos os mandamentos”. Ele estava se referindo aos mandamentos de Deus, partindo do decálogo que Deus revelou a Moisés. Para responder Jesus se refere ao credo judaico presente no livro do Deuteronômio que lemos na primeira leitura: “Escuta, Israel: o Senhor nosso Deus é o único Senhor”. Depois, em poucas palavras Jesus resume: “Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças” (Dt 6,4-5) e … “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19,18).
O amor na Sagrada Escritura é uma força que faz sair de si mesmo e agir para o bem do outro. São João diz que “Deus é amor” (cf 1Jo 4,8). A sua experiência de Deus que vive em comunhão com o Filho Jesus e o Espírito Santo e está presente no meio da comunidade agindo como Pai, Mãe, Pastor, Guia, Luz, Força e Vida, o fez chegar a esta definição, pois o mistério da ação gratuita de Deus pelos seus filhos e filhas não se explica com palavras humanas. De fato, na Sagrada Escritura, a aliança de Deus com o seu povo é um compromisso de amor em que Deus se empenha, cuida, zela de seu povo e espera uma resposta de gratidão e reconhecimento. Ele cumpriu sua promessa de amor e “estabeleceu Jesus como sumo sacerdote perfeito para sempre”. Ao mesmo tempo, Deus espera o empenho de cada filho e filha com o seu semelhante, isto é, que viva a caridade para com o próximo.
O amor a Deus deve ser incondicional, com todo o ser, “coração, alma, entendimento e força”, repete Jesus (cf Dt 6,5), e o amor ao próximo como se ama “a si mesmo” (cf Lv 19,18). Os primeiros cristãos entenderam, mas tinham dificuldades como os fariseus. São João foi categórico escrevendo às comunidades: “quem não ama seu irmão, a quem vê, a Deus, a quem não vê, não poderá amar” (1Jo 4,20). Jesus faz entender a relação profunda entre os dois amores que, na prática não podem estar desvinculados para não cair na aridez do racionalismo ou da hipocrisia.
O escriba acabou elogiado por Jesus: “não estás longe do reino de Deus”. Isto significa que viver o amor a Deus e ao próximo abre caminho para o Reino de Deus que é construído com ações concretas de caridade. A caridade nos faz colocar-nos na pele dos sofredores deste mundo e agir impulsionados pelo amor gratuito que vem de Deus. Por isso, toda ação ou projeto dos cristãos não pode deixar de basear-se em uma mística que leva sempre a Deus.
Frei Valmir Ramos, OFM
Acompanhe também a reflexão da série: “Luz do meu caminho”