2º Domingo do Tempo Comum: “Eis o Cordeiro de Deus!”

 

Os primeiros discípulos de Jesus eram discípulos de João Batista que, reconhecendo Jesus como Messias, retira-se para dar lugar àquele que veio para salvar a humanidade.

A liturgia nos oferece o início da vida pública de Jesus logo depois de seu batismo. E é o próprio João Batista que indica Jesus como sendo o “Cordeiro de Deus”. Esta expressão tem um significado profundo construído durante a história da religião hebraica e depois pelos cristãos. O ponto de partida é a ideia do cordeiro pascal, que os hebreus escravizados no Egito deveriam sacrificar na celebração da Páscoa que se torna a celebração da libertação do Egito. É pelo sangue do cordeiro que o povo hebreu ganha a libertação. Os cristãos viram em Jesus o verdadeiro Cordeiro que entregou-se até a morte para libertar a humanidade do pecado e da própria morte.

João Batista indicou Jesus aos seus discípulos. Nesta narração, os primeiros a encontrar Jesus são André e João evangelista. Para este o primeiro encontro com Jesus ficou marcado em sua memória e ele diz “era por volta das 4 da tarde”. Eles vivenciaram uma experiência concreta de encontro. Quando perguntaram “Mestre onde moras?”, queriam permanecer com Jesus para escutá-lo.

No Evangelho de João, André é quem chama Pedro para conhecer Jesus que eles já tinham reconhecido como Messias. Ele diz “encontramos o Messias”, o que indica a dimensão comunitária do encontro com Deus. Mesmo sendo encontro personalizado, nunca deixa de referir-se à comunidade. Assim é o chamado de Jesus a todos os seus discípulos. A Pedro Ele constitui o líder dos Apóstolos e primeiro responsável pela Igreja. A cada um dos discípulos e discípulas Ele chama e envia para “pregar a Boa Nova a todas as criaturas”.

Na Carta aos Coríntios, São Paulo deixa bem claro esta compreensão comunitária da Igreja. Ele faz referência a ela como corpo em que todos os discípulos e discípulas de Jesus são membros. Por isso mesmo, nenhum deles é chamado para satisfazer os seus próprios interesses, mas para servir toda a comunidade.

Numa página preciosa do primeiro Livro de Samuel, na primeira leitura ouvimos como Deus chama Samuel para servir o seu povo. A atitude de Samuel é aquela de quem está a serviço. Primeiramente ouve o chamado e corre para apresentar-se a Eli. Depois entende que o chamado não vem de Eli, mas de Deus. Então responde convicto: “fala, que teu servo escuta”.

Hoje Deus continua chamando seus filhos e filhas ao seu serviço. Cada um de nós precisa estar atento a este chamado, pois num mundo dilacerado pelo egoísmo, pela falta de respeito pela vida, pelas injustiças, pela violência, Jesus continua construindo o Reino de Deus através das mãos de seus discípulos e discípulas.

Frei Valmir Ramos, OFM