Jesus revela aos judeus, tantos fariseus que eram muito nacionalistas, quanto herodianos que colaboravam com o Império romano, que existe um único Deus poderoso. O profeta Isaías já havia anunciado, como vemos na primeira leitura: “Eu sou o Senhor, não existe outro”. Acontece que os judeus estavam enganados pelo poder do dinheiro e do imperador romano. Eles pensavam que poderiam confiar no imperador que se autodenominava deus. E não foi apenas um dos imperadores romanos que pensava assim. Por isso, no território do Império que se estendia pela Ásia Menor, construíam os templos para adorar o imperador. Daí que no Apocalipse encontramos a expressão “trono de satanás” (cf. Ap 2,13) fazendo referência a um desses templos.
Quando os fariseus, ofendidos pelo ensinamento de Jesus, fazem uma aliança com os herodianos, aparece claramente a intenção de liquidar com Jesus, pois o veem como inimigo maior. Jesus, conhecendo suas intenções, impõe uma grande derrota a eles justamente através da palavra com a qual queriam condená-lo. Isto é bem claro no diálogo transmitido pelos evangelistas: os fariseus falam em “pagar” a César e Jesus fala em “devolver” ao imperador o que é dele e a Deus o que é de Deus.
Não foi a primeira nem a única vez que as pessoas colocaram a confiança no dinheiro e nos poderosos desse mundo. A história dos povos e a nossa de hoje indicam que o ser humano precisa crescer na confiança no único e verdadeiro Deus. Jesus ensina que a confiança no dinheiro é idolatria. Ele mostra que nenhum poderoso deste mundo é Deus. De fato, todos que colocaram a sua confiança no dinheiro e nos poderosos desse mundo caíram por terra.
Hoje é importante compreender que não se trata simplesmente de diferenciar as duas dimensões: a política e a religiosa. O ensinamento de Jesus é para que o seus seguidores sejam livres da dependência do poder econômico e do poder político, pois estes poderes exploram, oprimem e matam outros seres humanos. No Reino de Deus todos têm vida em abundância (cf. Jo 10,10) e existe paz porque todos se respeitam e são solidários. Devolver a Deus o que é dEle é empenhar-se concretamente para defender a vida de todos e construir o seu Reino neste mundo.
Na segunda leitura, São Paulo faz menção às virtudes cristãs: fé, esperança e caridade. Ele elogia os cristãos de Tessalônica por terem deixado os ídolos e abraçado Jesus Cristo para “servir o Deus vivo e verdadeiro”. Este serviço implica a construção do Reino com fé, esperança e caridade.
Os cristãos de hoje são chamados a enxergar a presença de Deus na história e discernir a sua ação para defender seus filhos e filhas das garras dos enganadores deste mundo. O Espírito Santo é a força dos cristãos e de todos aqueles que defendem a vida dos seres humanos e da natureza.