29º Domingo do Tempo Comum: “Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?”

LEITURAS: Ex 17,8-13 / Sl 120 / 2Tm 3,14-4,2 / Lc 18,1-8

Lucas é o único evangelista que traz esta parábola da viúva perseverante. Jesus está continuamente em diálogo com o Pai, em oração, e isto significa que Ele quer fazer a vontade do Pai e permanecer em comunhão com Aquele que nunca abandona os seus filhos e filhas. Jesus conta a parábola aos discípulos enquanto está indo para Jerusalém onde entregará a própria vida pela salvação da humanidade. Os personagens são apenas dois: a viúva perseverante que clama por justiça e o juiz injusto que não teme a Deus e nem aos homens. A decisão do juiz não é a de cumprir a justiça, mas de livrar-se de um incômodo.

Esta situação era comum no tempo de Jesus e às vezes ainda hoje. Os interesses econômicos e políticos muitas vezes não permitem que seja feita a justiça, pois alguns daqueles que têm o poder de decidir o fazem de acordo com o que lhe convém. É por isso que as pessoas mais pobres e mais marginalizadas continuam clamando por justiça diante de Deus e daqueles que não reconhecem a dignidade delas.

Jesus ensina então que Deus é bem diferente destes “juízes”, pois “lhes fará justiça bem depressa”. Aí ensina aos discípulos para serem perseverantes na oração, no diálogo com Deus, apresentando suas necessidades e súplicas, como o fez Moisés intercedendo pelo seu povo que estava ameaçado pela guerra. Deus conhece as necessidades de seus filhos e filhas, mas é necessário alimentar a fé, fazê-la crescer, amadurecer, solidificar-se a ponto de “permanecer firme” como diz a segunda carta a Timóteo. Assim, não será uma dificuldade ou um momento de sofrimento que fará perder a fé ou duvidar da presença constante de Deus na vida de todos.

Hoje muitos cristãos são ameaçados pela incredulidade diante de tanta corrupção, injustiças, morosidade dos processos judiciários, parcialidade de alguns “juízes” e contratestemunho de irmãos e irmãs na fé. É hora então de perseverar na oração, conversar com Deus de coração a coração em todos os momentos, especialmente buscando momentos de silêncio, propondo todo esforço possível para ser coerente com o Evangelho e dispondo-se a anunciar a Palavra a todo momento como missionário e missionária do Reino para responder ao clamor das vítimas da injustiça.

Frei Valmir Ramos, OFM