LEITURAS: Is 55,6-9 / Sl 144 / Fl 1,20c-24.27a / Mt 20,1-16a
A parábola do Evangelho deste Domingo indica a lógica do Reino de Deus. De fato, Deus pensa diferente dos seres humanos. Ouvimos isto na primeira leitura tirada do livro do profeta Isaías: “Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos… meus pensamentos estão acima dos vossos pensamentos, quanto está o céu acima da terra”. A lógica de Deus é aquela da justiça misericordiosa que olha para cada filho e cada filha com suas necessidades, enquanto a nossa lógica é aquela da retribuição. Além disso, nós consideramos que somos mais merecedores que os outros e, às vezes, somos tomados pela inveja.
Nesta parábola dos trabalhadores da vinha, Jesus usa um exemplo do cotidiano para indicar ao menos três realidades do próprio Deus. Primeiro indica que Deus é justo e misericordioso, isto é, Ele está sempre presente na vida de seus filhos e filhas e não admite a miserabilidade; depois que Deus não faz distinção de pessoas e chama a todos para a sua vinha, isto é, chama a todos para a construção do seu Reino neste mundo; finalmente, que Deus age com o coração, isto é, abençoa a cada um não de acordo com o merecimento, mas de acordo com sua misericórdia.
A parábola termina com o versículo 15, mas o evangelista acrescentou o 16: “os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”. Este acréscimo insere a parábola no contexto da nova família de Jesus, a Igreja, que acolhe a revelação do Filho de Deus feito homem para salvar a humanidade. Os judeus foram os primeiros a receber a revelação, mas os cristãos acolheram-na por primeiro. Com a morte e ressurreição de Jesus, são seus discípulos que deverão continuar construindo o Reino de Deus neste mundo para participar dele na eternidade. Por isso lemos na segunda leitura: “para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro”. Aqueles que se empenham na construção do Reino sabem que a morte não será o fim, mas o início da vida eterna com Deus.
Para os cristãos de hoje, esta parábola é um apelo para agir diante dos outros com justiça e misericórdia. Por exemplo, aceitar que quem está desempregado, mesmo trabalhando apenas a “última hora da jornada” receba uma diária, pois ele precisa comprar o pão para si e para os filhos. Aceitar que os pobres possam usufruir dos mesmos meios e recursos tecnológicos da área da saúde quando estiverem doentes. Em âmbito mais restrito da comunidade cristã, divulgar todo bem e todos os elogios ao bem que se faz e não apenas o malfeito. Finalmente, aceitar que Deus é justo e misericordioso com cada filho e cada filha.
Frei Valmir Ramos, OFM