23º Domingo do Tempo Comum: “Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo!”

LEITURAS: Sb 9,13-18 / Sl 89 / Fm 9b-10.12-17 / Lc 14,25-33

Jesus é seguido por uma multidão que está encantada com os sinais e milagres que Ele realiza. Sem fazer distinção entre os Apóstolos e todos os demais discípulos e discípulas, Jesus mostra as exigências do seu seguimento: desapegar-se de todos e de tudo e carregar a cruz. Os verbos usados indicam a necessidade de colocar Jesus e a sua missão de construir o Reino de Deus em primeiro lugar. Assim, no início do ensinamento, Jesus usa o verbo “odiar” que é traduzido como “desapego” e significa colocar em segundo lugar, pois Deus está acima de todos e de tudo. No final Jesus usa o verbo “renunciar” para indicar que não é possível segui-lo e continuar preso às coisas materiais.

Jesus faz ver que “o seu Reino não é desde mundo”, mas transcende até as pessoas mais queridas e todas as coisas materiais. Os seus seguidores precisam abraçar as exigências apresentadas para saborearem a “sabedoria” que vem de Deus, que é revelada por Ele, pois sem o espírito do alto ninguém consegue ir além do que as mãos podem tocar… Com esta ideia, a primeira leitura nos prepara para refletir as palavras de Jesus.

A Carta a Filemon também ajuda a perceber uma dimensão que vai além das relações materiais. São Paulo diz a Filemon: “recebe Onésimo como irmão e não mais como escravo…” Parece que Onésimo, que era escravo, ficou livre da prisão e Paulo o quer livre também da escravidão. Se Filemon o receber como irmão, não será mais uma mercadoria, mas uma pessoa com quem partilhar a vida e a fé.

Para os cristãos de hoje, a liturgia oferece uma oportunidade para refletir sobre as exigências da fé cristã, pois o ser humano parece não ter mudado. Ainda temos muito apego às pessoas devido aos nossos interesses. Também às coisas pensando que nos dão segurança, e ainda recusamos o sofrimento e os riscos de colocar-nos a serviço do Reino, negando assim a cruz. O convite que Jesus faz é para amar muito as pessoas queridas e mais ainda a Deus a ponto de entregar a própria vida para que “todos tenham vida em abundância”.

Frei Valmir Ramos, OFM