LEITURAS: Eclo 3,19-21.30-31 / Sl 67 / Hb 12,18-19.22-24a / Lc 14,1.7-14
São Lucas mostra que Jesus continua o seu caminho rumo a Jerusalém onde será preso, condenado e morto. A primeira ameaça já surge nos versículos que antecedem este Evangelho de hoje. Jesus, no entanto, continua a sua missão esperando que todos se convertam. Ele aceitou o convite para uma refeição e foi na casa de um chefe dos fariseus e lá ensina que “quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado” no Reino de Deus. Os fariseus tinham uma prática de fazerem belos discursos e nada de ação para construir o Reino de Deus. Bem ao contrário, se gabavam de serem religiosos e conhecerem as Sagradas Escrituras e buscavam privilégios no templo e na sociedade.
Na prática, Jesus está ensinando que é preciso ser humilde e não ter a pretensão dos primeiros lugares no “banquete eterno”, imagem da vida eterna com Deus. E mais ainda, ter uma ação concreta em relação à partilha com os necessitados, pois são eles os primeiros convidados a esse banquete. As recompensas deste mundo ficam por aqui junto com os restos mortais… e nada mais.
Quando Jesus fala do “tesouro no céu”, são as obras de solidariedade e a partilha concreta que o enriquecem. Por isso, disse ao fariseu que o tinha convidado com a intensão de ouvi-lo e acusá-lo depois de blasfêmia: “quando deres um almoço ou jantar… convide os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos”. Todos estes eram excluídos da sociedade e viviam mendigando. A solidariedade e a partilha com estes irmãos e irmãs levam à “ressurreição dos justos”. O Papa Francisco afirma que uma doação que o cristão faz, ninguém pode roubar. O gesto de doar, de ser solidário não é material e ajuda na construção da Jerusalém celeste, que fala a segunda leitura da Carta aos Hebreus. Nela são milhões que participam do banquete, da festa da salvação.
Hoje esta palavra ensina que os cristãos precisam levar vida humilde, ter um comportamento humilde, pois Deus “revela os seus mistérios aos humildes” e “é glorificado pelos humildes” como diz o livro do Eclesiástico na primeira leitura. Mesmo na Igreja, religiosos, padres, bispos, leigos, ninguém precisa correr atrás dos privilégios, dos primeiros lugares, da exposição de si mesmo pensando de ser importante… pois todos temos a mesma importância aos olhos de Deus. O resto é vaidade que não leva a nada e, pior, nos afasta de Jesus “manso e humilde de coração”.
Frei Valmir Ramos, OFM