21º Domingo do Tempo Comum: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita!”

LEITURAS: Is 66,18-21 / Sl 116 / Hb 12, 5-7.11-13 / Lc 13,22-30

Jesus está seguindo para Jerusalém, e para São Lucas isto significa que Ele está decidido a cumprir fielmente a vontade do Pai, mesmo que lhe custe a vida. Um dos seus ouvintes dentre a multidão pergunta a respeito do número dos que se salvam. Jesus não está preocupado com o número, mas aponta o caminho: “a porta estreita”. Na Sagrada Escritura usa-se muito a imagem da porta, por ser lugar de passagem e, ao mesmo tempo, de restrição da passagem. A principal imagem é aquela da entrada no banquete eterno, que significa ser salvo e participar da vida de Deus.

A “porta estreita” seleciona os que têm o direito de salvar-se. O evangelista João traz o ensinamento de Jesus quando Ele diz: “eu sou a porta; se alguém entrar por mim será salvo” (cf. Jo 10,9). Isto não significa que Deus selecione as pessoas, mas que as pessoas optam por caminhos ou portas diferentes. Então a salvação não acontece porque alguém conhece Jesus, ou senta-se à mesa com ele, ou ainda porque ouve os seus ensinamentos. Jesus ensina que a salvação vem quando alguém abraça o seu projeto de amor e justiça na construção do Reino, quando coloca-se no seu caminho como discípulo fiel que cumpre a sua Palavra. Por isso, talvez, Jesus tenha continuado a parábola falando o dono da casa que fechou a porta e, na insistência, respondeu: “afastai-vos de mim vós todos que praticais a injustiça”. É uma resposta dura para quem pretendia privilégios sem empenho pela justiça.

A segunda leitura fala de “frutos de paz e de justiça” para aqueles que aceitam a “correção” de Deus. Esta é uma indicação de que Deus não quer excluir nenhum filho e nenhuma filha do seu banquete, da salvação. Ao contrário, Ele espera a conversão de todos. Para isso enviou Jesus ao mundo e iniciou a construção do seu Reino de amor e justiça.

Em nossos dias os cristãos precisam ouvir bem esta mensagem do Evangelho: “fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita”. Pode ser exigente, mas significa colocar-se no seguimento de Jesus sendo fiel à sua missão. Em nossos tempos vemos muitas propostas e muitos caminhos. Por isso mesmo os cristãos precisam ser testemunhas verdadeiras de Cristo e não apenas aqueles que fazem belos discursos sobre o amor e a justiça, ou que vivem uma fé seletiva num cristianismo devocional sem obras.

Frei Valmir Ramos, OFM