21º Domingo do Tempo Comum: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna!”

LEITURAS: Js 24,1-2a.15-17.18b / Sl 33 / Ef 5,21-32 / Jo 6,60-69

A quem iremos Senhor? Tu tens palavra de vida eterna!” Esta é a declaração de São Pedro que ainda não entende completamente o que Jesus está dizendo e fazendo, mas vê nele a esperança da vida eterna. No final do capítulo 6 do Evangelho segundo São João vemos os discípulos assustados com a verdade de Jesus. Significa que estão vacilantes na fé e ainda não conseguem ver que Jesus é “espírito e vida”, que o seu Reino não é material, que segui-lo exige uma escolha decidida pela vida e pelos mais pobres e sofredores.

Todo o capítulo 6 de São João é a revelação de Deus que assumiu a humanidade e veio saciar o seu povo de vida plena. Para isso Jesus se doa como alimento da alma. Ele contrapõe carne e espírito, vida material e vida espiritual. Na Sagrada Escritura carne significa morte, porque é limitada e corruptível. Quando Jesus diz que suas “palavras são espírito e vida” indica uma dimensão espiritual que o ser humano é chamado a desenvolver para participar da vida de Deus.

Jesus afirma que Ele é “o pão que desceu do céu” e que a sua “carne é verdadeira comida” e seu “sangue verdadeira bebida”. Muitos ouvintes de Jesus não acreditam n’Ele, pois não conseguem imaginar que Deus pudesse assumir a carne humana, viver entre eles e entregar a própria vida para que outros pudessem havê-la em abundância. Muitos discípulos também reagiram dizendo “esta palavra é dura” e abandonam o seguimento de Jesus, por ser exigente a ponto de dar a vida por amor.

O profeta Josué na primeira leitura mostra como o povo está resistente em seguir os mandamentos de Deus. Queriam vive-los de acordo com a própria concepção, ignorando a necessidade de amar os irmãos. Por isso, o profeta diz ao povo: “escolhei hoje a quem quereis servir”. Muitos estavam na idolatria dos deuses estrangeiros e viviam uma religião voltada para o próprio interesse.

Para entender a segunda leitura é preciso evitar os equívocos de um tempo. Seu autor (esta carta é apenas atribuída a São Paulo) é fruto de uma sociedade machista que submetia a mulher. Jesus mostrou que a mulher tem a mesma dignidade do homem. Os dois formam uma só carne e por isso ambos vivem uma mesma vida de amor e respeito. Na mesma leitura o autor fala de como Cristo alimenta e cuida da sua Igreja, entendida como esposa. De fato, todos os cristãos são alimentados pelo Cristo que se doa e permite a comunhão de todos com Ele. Esta comunhão exige dos cristãos o compromisso com a sua missão de garantir vida plena para todos.

Frei Valmir Ramos, OFM


Acompanhe também a reflexão da série: “Luz do meu caminho”