16º Domingo do Tempo Comum: “Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai!”

LEITURAS: Sb 12,13.16-19  / Sl 85 / Rm 8,26-27 / Mt 13,24-43

O Evangelho deste Domingo traz mais uma parábola de Jesus narrada exclusivamente por São Mateus. Sempre usando imagens da agricultura bem conhecidas pelos seus ouvintes, Jesus ensina que o Reino de Deus não segue a lógica humana. Já no livro da Sabedoria, como traz a primeira leitura, vemos como Deus tem poder cujo princípio é a justiça e Ele, com indulgência, espera que o ser humano se arrependa de seus pecados. Quer dizer, Deus não destrói o pecador, mas espera que ele se converta e deixe para trás as obras do mal e a injustiça.

Para mostrar como Deus age com bondade, Jesus conta a parábola do semeador paciente. Esta é uma das poucas parábolas que o evangelista narra uma explicação. Uma primeira constatação é que neste texto tem um substrato da compreensão de que no mundo convivem o bem e o mal. No diálogo entre os servos e o dono da casa vemos a lógica humana. Eles perguntam: “Queres que vamos arrancar o joio?”. Isto significa uma tentativa de acabar com o mal com as próprias forças. A reposta indica que no Reino de Deus existe esperança viva, ou seja, é dada a possibilidade de arrependimento e de tornar-se justo, pois no final “os justos brilharão como o sol”.

Entre a parábola do semeador e a sua explicação, Mateus apresenta outras duas parábolas onde Jesus mostra e força do Reino de Deus. A semente de mostarda que, mesmo sendo muito pequena, tem uma força de vida capaz de tornar-se grande. O fermento que, misturado na massa, mesmo ficando invisível é capaz de fermentar toda a massa e fazê-la crescer em quantidade. Na prática, significa ações concretas de amor que os cristãos devem realizar, mesmo que pequenas ou invisíveis, com o tempo poderão crescer e dar muitos frutos.

Para os cristãos de nosso tempo o ensinamento é claro: é preciso pensar e agir com a lógica de Deus. Os poderosos deste mundo agem como se fossem deuses, por isso armam cenas para mostrar que estão combatendo o mal e os maldosos. A pena de morte é uma das formas clara desta tentativa. No entanto, muitos condenados à morte eram inocentes, como também muitos condenados à prisão perpétua que, depois de dezenas de anos presos, foram reconhecidos inocentes. Esta é a lógica humana, quer dizer, de fazer-se juiz dos outros e querer realizar a justiça com as próprias mãos. Jesus, porém, ensina que é preciso lutar contra o mal, derrotar os sistemas injustos e toda forma de injustiça, semear a boa semente e esperar que os frutos amadureçam. Esta espera deve ser ativa, cheia do Espírito, feita com discernimento, capaz de acompanhar e propor ações e caminhos de crescimento na bondade e na misericórdia. O ser humano pode ser mais humano e jamais cúmplice dos sistemas que geram morte ou de ações que ameaçam a vida.

Frei Valmir Ramos, OFM