LEITURAS: 1Rs 19,16b.19-21 / Sl 18b / Gl 5,1.13-18 / Lc 10,25-37
Somente São Lucas traz a parábola do “bom samaritano” que é expressão da mais perfeita prática do mandamento do amor: “amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como a ti mesmo”. O mestre da Lei conhecia os mandamentos e as escrituras, mas como tantos outros, permanecia na teoria, no mundo das ideias e não colocava em prática. Jesus o faz descer para a realidade, pois Ele mesmo assumiu um estilo de vida na pobreza, na simplicidade e no meio das pessoas com seus sofrimentos e angústias.
Os personagens da parábola formam dois grupos: de um lado estão o sacerdote e o levita que conhecem as Escrituras e dirigem os cultos, mas têm muitas ocupações e compromissos importantes; do outro está “um certo homem”, os assaltantes e o samaritano, todos desconhecidos e certamente ignorantes quanto aos mandamentos. A atitude do samaritano contrasta com aquela do sacerdote e do levita. Ele não é indiferente, mas sente compaixão, sofre junto com aquele que está ferido de morte. Mais ainda, cura as feridas do homem, leva-o para uma hospedaria e paga as despesas do dia e as futuras. Para os judeus esta foi uma lição de Jesus, pois para eles os samaritanos nem mereciam a misericórdia de Deus. Nesta parábola o samaritano herdou a “vida eterna”, pois viveu concretamente o mandamento do amor a Deus e ao próximo.
Na primeira leitura já vemos que o mandamento de Deus não está fora do nosso alcance, pois Ele não nos pede algo impossível de realizar. Viver o amor faz parte da natureza humana, mas precisamos superar a indiferença em relação ao sofrimento dos outros e ter atitude de solidariedade, sentir compaixão e fazer-nos próximos das vítimas de violência, de injustiças e das mais variadas formas de sofrimento que atingem a dignidade e fazem as pessoas perderem o gosto pela vida.
A Igreja católica e todos os cristãos são chamados a tomar atitudes de compaixão e solidariedade, pois bem próximo de nós estão pessoas caídas nas estradas e nas ruas, nos ambientes de trabalho escravo e de violência de todos os tipos.
Frei Valmir Ramos, OFM