14º Domingo do Tempo Comum: “Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve!”

LEITURAS: Zc 9,9-10  / Sl 144 / Rm 8,9.11-13 / Mt 11,25-30

No Evangelho deste Domingo São Mateus apresenta uma oração de Jesus de agradecimento ao Pai. Nos versículos anteriores, Jesus estava lamentando-se porque as cidades de Corazim, Betsaida e Cafarnaum não tinham acolhido a mensagem de João Batista, nem a sua, mesmo vendo os sinais e milagres realizados. Aí Jesus conversa com o Pai e o bendiz, pois revelou as suas verdades aos pequeninos. De fato, o lamento de Jesus era direcionado aos chefes religiosos daquelas cidades, enquanto as pessoas simples e iletradas o ouviam com gosto a ponto de aglutinar multidões. “Pequeninos” para Jesus são todos os pobres, os analfabetos, os marginalizados pelos escribas, fariseus e saduceus, os considerados pecadores, os doentes, os portadores de necessidades especiais, enfim todos os que, mesmo sem a “ciência” dos fariseus, compreendiam que o Deus da vida estava no meio deles.

Conhecer Deus na Sagrada Escritura vai além de um simples saber quem Ele é, de ter uma ideia sobre Ele, e se concretiza em uma relação existencial com experiência concreta de Deus. Assim Jesus ensina que Ele conhece o Pai por quem é conhecido e se revela a todos que Ele quiser. Sendo Deus presente no meio do seu povo, Jesus convida: “vinde a mim todos que estais cansados e oprimidos” e “encontrareis descanso para as vossas almas”. São Mateus é o único evangelista que traz este convite de Jesus para “tomar o seu jugo e aprender dEle”. De fato, a sabedoria da escola era tida como um jugo pelo seu rigor em relação à lei que escravizava. Quer dizer, Jesus está comparando a sabedoria dos fariseus, que aprenderam na escola, mas fizeram dela um peso para os outros, e a sabedoria de Deus que liberta, pois é “manso e humilde de coração”.  O “jugo suave e a carga leve” é a Palavra de Jesus que aponta um caminho de vida e liberdade baseado no amor a Deus e aos irmãos.

A presença de Jesus no meio das pessoas pobres e doentes, marginalizadas, desprezadas pelos líderes religiosos que também instigavam outros a desprezá-las, faz os “pequeninos” entenderem que a profecia da primeira leitura se cumpriu: Jesus é aquele rei “justo e salvador, que vem humildemente montado num jumentinho” trazendo e anunciando a paz. Enquanto os judeus esperavam um Messias poderoso, guerreiro, montado em um cavalo e armado para a guerra contra os romanos, chega Jesus combatendo as armas, a violência e toda forma de opressão.

Os cristãos de hoje devem lembrar-se continuamente que são “morada do Espírito Santo”, o “Espírito que dá vida” como diz São Paulo na segunda leitura. Por isso, todos precisam empenhar-se para alcançar a sabedoria do conhecimento de Deus, indo ao seu encontro a cada instante, percebendo a sua presença na história da humanidade e ajudando a construir o Reino dEle neste mundo. Aí todos os “cansados e oprimidos” encontrarão repouso e haverá paz duradoura para todos os povos “até aos confins da terra”.

Frei Valmir Ramos, OFM