13º Domingo do Tempo Comum: “Não tenhas medo. Basta ter fé!”

LEITURAS: Sb 1,13-15; 2,23-24 / Sl 29 / 2Cor 8,7.9.13-15 / Mc 5,21-43

Jesus volta da região dos gerasenos onde devolveu a dignidade para um homem que estava possuído e excluído. Marcos situa a ação de Jesus às margens do Mar da Galileia. Uma multidão o esperava, mas três personagens se destacam. Primeiro Jairo, que deveria ser contra Jesus como chefe da Sinagoga, mas discípulo em sua convicção pessoal e homem cheio de fé. Ele pede a Jesus que cure a sua filha que está à beira da morte. Nós ouvimos na primeira leitura que Deus é Deus da vida e não da morte. O autor do livro da Sabedoria afirma que “Deus não criou a morte”, mas que fez o ser humano “imagem de sua própria natureza”.

Jesus vai até a casa de Jairo para devolver a vida à menina que haviam dito que estava morta. O gesto de Jesus revela o Deus da vida que não quer a morte antes do tempo de seus filhos e filhas. De fato, toda criança que morre é um golpe horrível para a humanidade. Ninguém tem o direito de dizer simplesmente que é vontade de Deus que ela morra. Jesus pegou na mão da menina para que ela se levantasse e disse aos pais que lhe dessem de comer. Este sinal de Jesus é o apelo mais visível para os dias de hoje em que morrem milhares de crianças de fome e vítimas de violência. Jesus pede ação dos adultos para que o direito à vida seja respeitado. Esta menina, que dará o nome a muitas meninas chamadas Talita, é a segunda personagem que não diz nada, mas representa todas as crianças em risco de vida.

A terceira personagem é uma mulher anônima na multidão, também cheia de fé, que tem uma hemorragia, é pobre e sofre discriminação. Ela acredita na força de Jesus e toma a iniciativa de tocar em sua túnica. Por ser mulher, por ter uma hemorragia e por ser pobre, ela não podia frequentar a sinagoga, não podia tocar em um homem porque era considerada impura. Jesus sente uma força sair dele, e quer saber quem o tocou. Os discípulos não entenderam o que estava acontecendo. A mulher tem coragem, se apresenta e revela que foi curada. Jesus acolhe a sua verdade, a sua fé e a chama de “filha” e ainda vai além da cura corporal dizendo “a sua fé lhe salvou, vai em paz”. Com este gesto Jesus devolveu a dignidade àquela mulher e a todas as mulheres.

São Paulo, na segunda leitura, recomenda aos cristãos de colocar em prática a caridade e não deixar de ser solidários com aqueles que estão na indigência. Ele entendeu bem que Deus é o Deus da vida e não quer nenhum filho ou filha passando fome.

Hoje muitos inimigos do Reino de Deus não se importam com os excluídos, as mulheres marginalizadas, as crianças que passam fome ou que morrem. Os cristãos não podem fazer parte deste grupo, pois o discípulo de Jesus defende a vida em todas as suas etapas e pratica a caridade para que todos tenham vida em abundância.

Frei Valmir Ramos, OFM


Acompanhe também a reflexão da série: “Luz do meu caminho”