LEITURAS: Ez 34,11-12.15-17 / Sl 22 / 1Cor 15,20-26.28 / Mt 25,31-46
Com este texto o Evangelista Mateus encerra o ensinamento de Jesus iniciado no capítulo 5. Todo ensinamento de Jesus gira em torno da vida eterna, quer dizer uma vida que vislumbra o futuro, mas é também presente. Por isso, Jesus conta a parábola do Filho do Homem, o rei que, sentado em seu trono, julga os que foram solidários, deram vida, e os que se omitiram e foram indiferentes diante das ameaças à vida.
No último Domingo do Tempo Comum celebramos a humilde realeza de Jesus Cristo, que contrasta com as realezas deste mundo por colocar-se a serviço da vida e não na busca de domínio e de poder temporal. Jesus é um rei que serve o seu povo. O serviço aos irmãos levado ao extremo até a morte de cruz foi sua missão. Contudo, não ficou morto, mas venceu até o último inimigo que é a morte, como vemos na 2ª leitura tirada da primeira carta de São Paulo aos Coríntios. Ele ressuscitou para que todos os filhos e filhas do Pai ressuscitassem com Ele.
A primeira leitura revela que Deus é como o pastor que cuida bem de suas ovelhas, vai atrás daquelas sumidas, daquelas doentes, das mais frágeis, sem descuidar das mais fortes. A imagem é bonita de um compromisso de amor que Deus tem para com o seu povo.
Jesus é o Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas (Jo 10,11). E a vida é o que Ele tem de mais precioso. No entanto, Ele não volta atrás diante das ameaças, pois é um rei bem diferente dos reis deste mundo. Os povos que se organizam em nações constituem os seus reis que, normalmente, são poderosos e desfrutam de poder e riquezas quase sempre ilícitas e injustas. São reis que oprimem o povo e desrespeitam a vida.
O ensinamento de Jesus, porém, indica aos cristãos a necessidade de empenhar-se como Ele se empenhou pelos irmãos mais pequeninos, quer dizer os sofredores. No Evangelho ele fala dos que passam fome e sede, dos migrantes, dos sem agasalho, dos doentes, dos presos por dívidas ou escravizados. Na prática são os que mais têm a vida ameaçada por falta de alimento, de água, de agasalho, de segurança, de remédios, de recursos para sobreviver e, normalmente, são os mais explorados por outros que têm mais recursos. Então são como as ovelhas mais frágeis de um rebanho que mais precisam de cuidados.
Jesus ressuscitado transmite aos cristãos a missão de cuidar para que todos estes mais frágeis tenham vida digna. Este ensinamento não foi apenas para os ouvintes de Jesus, mas ecoa para todos os seus seguidores que não podem ficar indiferentes enquanto Jesus mesmo sofre nos mais sofredores, doentes, marginalizados, discriminados e perseguidos. É preciso colocar-se a serviço da vida transitória para participar da vida eterna que começa aqui. Este é o único critério para todas as nações, sem falar de religiões, para o julgamento final.
Frei Valmir Ramos, OFM