LEITURAS: Pr 8,22-31 / Sl 8 / Rm 5,1-5 / Jo 16,12-15
Jesus revelou aos seus discípulos que Deus é trino e único. Este é o mistério que a Igreja celebra neste Domingo, pois ela acredita e experimenta a presença da Santíssima Trindade na sua história, na história do povo de Deus.
No Evangelho de hoje Jesus está finalizando o seu ensinamento durante a última ceia e fala do Espírito da verdade. Trata-se do Espírito Santo que iluminaria os discípulos para que pudessem interpretar os significados de todos os acontecimentos que estavam para vivenciar com Jesus, inclusive sua paixão, morte e ressurreição. Celebramos Pentecostes Domingo passado e vimos como, de fato, Jesus cumpriu sua promessa de enviar o Espírito Santo que é a força criadora de Deus. No Antigo Testamento a palavra “espírito” tem muitos significados, mas sempre relacionados com significado principal que é espírito, vento, hálito, vigor, força que vem de dentro, força criadora. Na língua hebraica é um substantivo feminino, entendido como algo que vem de dentro do ser de Deus, por isso dá vida.
A primeira leitura fala da “Sabedoria de Deus” que existe desde a eternidade e a coloca como personagem que expressa a sua presença durante a criação do mundo. Com imagens de alguém que se deleita com as belezas criadas, o autor apresenta a Sabedoria como “mestre-de-obras”. No entanto, a Sabedoria de Deus não é entendida apenas como quem assiste os acontecimentos, mas como aquela força que cria e governa o mundo. E mais, no Novo Testamento Jesus mesmo será reconhecido como Sabedoria de Deus (cf. 1Cor 1,24.30) e aqueles que permanecem unidos a Cristo participam da Sabedoria.
Se no mundo nem sempre as ações humanas parecem brotar da Sabedoria, é preciso agir com sabedoria e ter esperança, pois “a esperança não decepciona porque o amor de Deus foi derramado pelo Espírito Santo que foi dado” aos cristãos.
Em nossos dias é necessário dar testemunho com a vida, numa fé trinitária, fértil no meio de um mundo sempre mais materialista, individualista e desumanizante. Mesmo que nossas palavras não consigam explicar o grande mistério da Santíssima Trindade, nossa fé deve ser como aquela de São Francisco de Assis: simples, profunda, capaz de ver os sinais do Pai criador em todas as pessoas e todas as criaturas, do Filho redentor em todas os sofredores e crucificados que encontramos e do Espírito Santo em todas as ações de defesa da vida, de fraternidade e solidariedade, de efetivação da justiça e de construção da paz.
Frei Valmir Ramos, OFM