LEITURAS: Dt 4,32-34.39-40 / Sl 32 / Rm 8,14-17 / Mt 28,16-20
Jesus revelou aos seus discípulos que Deus é trino e único. Este é o mistério que a Igreja celebra neste Domingo, pois ela acredita e experimenta a presença da Santíssima Trindade na sua história, na história do novo povo de Deus.
No Evangelho desta celebração, Jesus, depois de ressuscitado, aparece aos seus discípulos e pede a eles que cumpram a missão de anunciar o Evangelho “a todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Na prática o pedido de Jesus significa continuar a sua missão, aquela mesma interrompida com sua morte na cruz. Sua presença agora é através do Espírito Santo que ilumina e dá sabedoria e força aos discípulos e discípulas. São Paulo diz na segunda leitura que é “o Espírito que se une ao nosso espírito”, e isso faz com que a ação dos cristãos seja guiada por Ele.
Da mesma forma que Jesus começou a sua missão na Galileia, considerada periferia do mundo, assim também seus discípulos partem da periferia para alcançar o mundo inteiro.
Na Galileia Jesus aparece aos discípulos sobre o monte, ou montanha que ele tinha indicado. O significado é o mesmo que temos no Antigo Testamento, no qual a montanha é lugar de encontro com Deus, ou da revelação de Deus para o seu povo. Na primeira leitura vemos o referimento à revelação de Deus que “é o Senhor lá em cima no céu e cá embaixo na terra”. Este é o criador de todas as coisas, Pai e Mãe que criou e ama os seus filhos e filhas e lhes dá uma lei baseada no amor. Jesus é o Filho amado que se fez um de nós para mostrar o caminho da salvação. Ele mesmo dirá “eu e o Pai somos um” para indicar que não existe outro Deus, mas o Pai e o Filho vivem em comunhão. Com o Pai e o Filho está o Espírito Santo que é a força criadora de Deus. No Antigo Testamento a palavra “espírito” tem muitos significados, mas sempre relacionados com significado principal que é espírito, vento, hálito, vigor, força que vem de dentro, força criadora. Na língua hebraica é um substantivo feminino, entendido como algo que vem de dentro do ser de Deus. Sobre o monte na Galileia, Jesus envia os discípulos também em nome do Pai e do Espírito Santo.
Hoje é necessário dar testemunho com a vida, numa fé trinitária, fértil no meio de um mundo sempre mais materialista, individualista e desumanizante. Mesmo que nossas palavras não consigam explicar o grande mistério da Santíssima Trindade, nossa fé deve ser como aquela de São Francisco de Assis: simples, profunda, capaz de ver os sinais do Pai criador em todas as pessoas e todas as criaturas, do Filho redentor em todas os sofredores e crucificados que encontramos e do Espírito Santo em todas as ações de defesa da vida, de fraternidade e solidariedade, de efetivação da justiça e de construção da paz.
Frei Valmir Ramos, OFM