LEITURAS: Ex 34,4b-6.8-9 / Dn 2,52-56 / 2Cor 13,11-13 / Jo 3,16-18
O Deus dos cristãos é trinitário: Pai, Filho e Espírito Santo. O amor é o elo de comunhão entre o Pai criador que é ao mesmo tempo Mãe de ternura, o Filho redentor missionário enviado pelo Pai para salvar o mundo e o Espírito Santo, força criadora do Pai e do Filho, consolador e defensor dos desvalidos.
A missão de Jesus é concebida a partir do amor infinito de Deus Pai pelos seus filhos e filhas. É o mesmo Deus que se revelou a Moisés como “misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel”. Por ser Deus de bondade, que “é amor” como afirma São João, “amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito… não para condenar… mas para que o mundo seja salvo por Ele”. De Deus provém todas as dádivas, pois Ele criou tudo por amor e quer todos os filhos e filhas com Ele. Por isso, Deus está presente na história da humanidade desde sempre para “que todos tenham vida em abundância” (cf Jo 10,10). De fato, Deus se fez e se faz presente com seus filhos e filhas como uma mãe que gera, ama e nutre com a dedicação e o cuidado necessários.
Deus enviou seu único Filho para que quem “nEle crer tenha a vida eterna”. Ele é a fonte da vida, Ele é a vida, é Aquele que entrega a própria vida por amor e dá a vida àqueles que nele creem. Com a ressurreição de Jesus a vida adquire a eternidade. O Pai quer reaver a amizade de seus filhos e filhas que se distanciaram dEle por causa do pecado, do ódio, do egoísmo. Jesus, sendo enviado ao mundo, reconcilia os pecadores, pois revela o rosto misericordioso de Deus Pai. Ele mesmo diz “quem me vê, vê o Pai” (cf Jo 12,45; 14,9). Por isso, Jesus perdoa os pecados e convida os pecadores à conversão, à prática da justiça e à vivência do amor fraterno. Depois de ressuscitado, Jesus enviou o Espírito Santo aos seus discípulos e discípulas para que todos dessem continuidade à sua missão. Mais uma vez a missão é concebida pelo amor. O Espírito Santo, em comunhão com o Pai e o Filho, como vemos na segunda leitura, será a fonte de alegria e força dos discípulos missionários.
Hoje é necessário dar testemunho com a vida, numa fé trinitária, fértil no meio de um mundo sempre mais materialista, individualista e desumanizante. Mesmo que nossas palavras não consigam explicar o grande mistério da Santíssima Trindade, nossa fé deve ser como aquela de São Francisco de Assis: simples, profunda, capaz de ver os sinais do Pai criador em todas as pessoas e todas as criaturas, do Filho redentor em todas os sofredores e crucificados que encontramos e do Espírito Santo em todas as ações de defesa da vida, de fraternidade e solidariedade, de efetivação da justiça e de construção da paz.
Frei Valmir Ramos, OFM