LEITURA: Ap 11,19a;12,1-3.6a.10ab / Sl 44 / 1Cor 15,20-27a / Lc 1,39-56
Lucas faz de Maria a profetiza que anuncia com seu cântico as maravilhas que Deus faz para o seu povo. No cântico que lemos no Evangelho, Maria personifica o seu povo que canta a grandeza de Deus salvador. Maria foi ajudar a sua prima Izabel que estava nos últimos meses de gravidez e lá ocorre o primeiro encontro entre Jesus e João Batista, ambos nos úteros de suas mães.
Maria proclama que Deus “olhou para a humildade de sua serva”. Isto significa que Deus não se esquece de seus filhos e filhas em sua fragilidade humana. Ela proclama que Deus “mostrou a sua força” e “derrubou do trono os poderosos”. Esta é uma referência clara de que Deus não quer a submissão de nenhum povo, pois com a submissão vem a falta de liberdade, as injustiças e a fome. Por isso, Ele “encheu de bens os famintos”. Este cântico da jovem Maria traz o cumprimento das promessas bíblicas com a ação concreta de Deus que salva o seu povo. Não foi apenas uma vez que o povo de Jesus precisou enfrentar a opressão e a morte. Porém, com a vinda de Jesus, o “último inimigo a ser destruído é a morte” diz São Paulo na segunda leitura.
Na primeira leitura vemos uma imagem da Igreja na figura de uma mulher. A liturgia faz a interpretação como sendo Maria, aquela que está grávida e é ameaçada pelo dragão. O autor do livro do Apocalipse fala da Igreja que é perseguida, carrega consigo Jesus ressuscitado, anuncia o seu Evangelho, o Reino de Deus, mas o Império Romano quer destruí-la. O dragão é o Império que não permite o culto ao Deus verdadeiro. É legítimo atribuir esta leitura à festa da Assunção, pois Maria, mãe de Jesus e mãe de Igreja, é aquela que trouxe ao mundo Jesus. Através d’Ele veio a ressurreição dos mortos, diz São Paulo na segunda leitura. Maria é a portadora do Deus verdadeiro que não admite a opressão do Império Romano e de nenhum outro império ou imperador.
Ao celebrar a Assunção de Maria, todos os seguidores de Jesus são convidados a abraçar profeticamente a missão de anunciar a santidade de Deus e sua presença libertadora no meio de seus filhos e filhas ameaçados pela morte prematura. Também são convidados a abraçar as ações de defesa da vida das pessoas e do planeta criado pelo Deus da vida. Maria mereceu ser levada para junto de Deus porque aceitou cumprir a missão de mãe, de profetiza, de serva obediente ao projeto de Deus. Seu amor foi grande a ponto de colocar-se nas mãos de Deus para que suas promessas se cumprissem para toda a humanidade.
Frei Valmir Ramos, OFM
Acompanhe também a reflexão da série: “Luz do meu caminho”