Os evangelhos nos falam de três momentos em que Jesus chorou: diante do empedernimento de Jerusalém, junto ao túmulo de Lázaro e no Jardim das Oliveiras. Deus chora pelas lágrimas de Jesus. Nos três casos estamos diante de lágrimas que exprimem uma dor interior muito forte. Há muitas lágrimas que são sinais de dor e outras que expressam um grato acontecimento ou um agradável surpresa. Estas são lágrimas de alegria. Francisco de Assis chora diante do amor do Senhor na cruz e lamenta aos prantos por todos os cantos: “O amor não é amado”.
Um autor diz que Deus recolhe nossas lágrimas e as junta ao seu coração. Quantas lágrimas em toda a face da terra: nos leitos dos hospitais, nos cárceres e nos asilos de idosos, nas salas de espera de médicos e nos campos de guerra. Lágrimas, tristezas, dores lancinantes e outras menos violentas mas que não passam. Casamentos desfeitos, seres em depressão, crianças violentadas, lágrimas. Quem as verá e quem poderá enxugá-las?
“De todas as expressões da emoção humana no léxico da vida, chorar pode ser a mais funcional, a mais profundamente versátil. As lágrimas que choramos nos mostram nossos selves (eu) mais profundos, necessitados e íntimos. Nossas lágrimas nos expõem. Nos desnudam tanto para os outros quanto para nós mesmos. O que nos faz chorar é aquilo com que nos importamos. As coisas para as quais não temos lágrimas endurecem o coração” (Joan Chittister).
Lágrimas de Jesus, nossas lágrimas. Há momentos em nossa vida em que tomamos consciência de um conjunto de ações e de um pano de fundo de vida tal em que ignoramos a proximidade do Senhor. Fizemos de conta que não ouvíamos os seus passos. Buscamos nossos caminhos ao nosso jeito. Essa consciência de estarmos desperdiçando o tempo da vida, a dor de termos deixado de lado os jogados à beira da estrada sem um carinho, sem lhes dar um pedaço do tempo de nossa vida, a ingratidão para com Aquele que sempre dizia nos amar pode e deve nos levar ao arrependimento a ao pranto. Benditas lágrimas. Nossa vida pode, então, ser um perpétuo “molhado” e belo ato de contrição. As lágrimas limpam os nossos olhos e passamos a enxergar.
Frei Almir Guimarães, OFM
Fonte: Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil