LEITURAS: Eclo 3,3-7.14-17a / Sl 127 / Cl 3,12-21 / Lc 2,41-52
No Domingo que ocorre entre a celebração do Natal e do Ano Novo a Igreja celebra o dia da Sagrada Família. O evangelista Lucas mostra a família de Jesus no templo de Jerusalém cumprindo os seus deveres religiosos. Era período da Páscoa quando todos deveriam ir a Jerusalém. Terminada a peregrinação, todos rumam para a Galileia, menos Jesus, que permanece entre os “doutores da Lei”, isto é, aqueles que sabiam ler e discutiam e interpretavam as Sagradas Escrituras. A cena construída pelo evangelista nos faz ver que a peregrinação era intensa, que os principais personagens são Jesus, Maria e José e os doutores e que Jesus começa a revelar-se como o Filho de Deus.
O diálogo entre Maria e Jesus parece um pouco ríspido pelo fato de Jesus estar “perdido” por três dias. Este número é cheio de simbologia, fazendo pensar imediatamente no terceiro dia da ressurreição da Páscoa. “Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?” foi a resposta de Jesus. Esta é a indicação de sua consciência de ser “Filho de Deus” e que sua missão está profundamente enraizada na Palavra das Sagradas Escrituras. Contudo, Jesus continua obediente e crescendo “em sabedoria, estatura e graça”. Da parte de Maria e de José deverá acontecer também o crescimento da compreensão sobre a missão e a revelação do filho.
O autor do livro do Eclesiástico, faz um apelo aos membros da família para que se respeitem e vivam o amor de modo altruísta. De modo especial recomenda aos filhos um comportamento de respeito e amor para com a mãe e o pai.
Na carta aos colossenses, o autor expõe a mentalidade de sua época quanto ao relacionamento dos casais. Ele fala que as esposas devem ser “solícitas aos seus maridos”. Esta expressão, vinculada a outras em que aparece o mandamento de “submissão” da mulher, indica como a sociedade se organizava sem considerar a dignidade da mulher.
Jesus, no entanto, nascido no seio de uma família, quebrou as estruturas deste comportamento e mostrou que mulher e homem têm a mesma dignidade, por isso o casal precisa viver no amor mútuo e crescer na intimidade para formar um só coração. Jesus, que nasceu numa família de Nazaré, indica o projeto de Deus para a humanidade: nascer e crescer com laços profundos de familiaridade unidos pelo amor. É o que podemos traduzir com a expressão “Deus ama e abençoa a família”.
Hoje, toda a humanidade precisa amar mais a família, entender que o ser humano precisa nascer e crescer com laços e vínculos familiares fortes e receber da família os princípios do respeito, da solidariedade, da paz e da religiosidade.
Frei Valmir Ramos, OFM