O Capítulo Internacional das Esteiras da Ordem dos Frades Menores começou nesta segunda-feira, 2 de junho, em Assis, na Itália, e será encerrado no próximo domingo, dia 8.

O caminho que levou a este evento começou com o último Capítulo Geral, celebrado em Roma em 2021, que no mandato nº 4 indicou envolver os Ministros, os Custódios e seus respectivos conselhos para promover uma vida fraterna autêntica e ouvir cada pessoa, especialmente os jovens, em múltiplos níveis.

Posteriormente, o Ministro Geral e seu Definitório consideraram enriquecedor empreender um caminho sinodal que envolvesse os frades da Primeira Ordem, mas também as irmãs e os irmãos da Segunda e Terceira Ordem, religiosos e leigos, para conseguir renovar profeticamente a identidade dos Frades Menores.

“Queríamos uma experiência”, diz Frei Cesare Vaiani, OFM, Definidor Geral, “na qual os frades e outras pessoas pudessem se encontrar como iguais, com os mesmos direitos e deveres, em uma troca fraterna sobre os temas essenciais de nossa vida. Por essa razão, extraímos de nossa tradição a imagem do Capítulo das Esteiras, que nos permitiu alcançar o que queríamos.” O Definitório então decidiu “conectá-lo” ao Conselho Plenário da Ordem (CPO), decidindo que “os membros do CPO eram todos frades que haviam participado do Capítulo das Esteiras e que podiam expressar seu espírito naquela estrutura jurídica que é o CPO, que pode propor temas a serem discutidos no Capítulo Geral”, explicou o frade.

As Entidades da Ordem foram, portanto, convidadas a celebrar o seu próprio Capítulo das Esteiras a nível local, sempre com a modalidade de escuta de leigos, homens e mulheres, e religiosos, propondo centrar a atenção em três núcleos fundamentais: Carisma, Comunhão e Missão.

O passo seguinte foi sintetizar os resultados dos Capítulos locais em nível de Conferência, que, por sua vez, enviaram suas contribuições à Cúria Geral. A partir desses textos, foi elaborado um Instrumentum Laboris, que forneceu material para discussão e comparação no Capítulo Internacional de Assis, que contará com a presença de 150 frades, irmãs franciscanas e leigos de todas as Conferências da Ordem.

Como surgiu o Capítulo das Esteiras?

Ainda hoje, não há definição legal ou regulamentação para o Capítulo das Esteiras.

O termo deriva seu nome do grande Capítulo Geral de 30 de maio de 1221: lemos no capítulo XVIII das Pequenas Flores de São Francisco que mais de 5.000 frades seguiram para Santa Maria dos Anjos. Reuniam-se em grupos, em oração ou em diálogo, de maneira ordeira e devota: “Havia naquele campo telhados de vime e esteiras, e distintos por rebanho, segundo os frades das diferentes Províncias; e, portanto, aquele Capítulo era chamado de Capítulo de vime ou das esteiras” (FF 1848).

Era o Capítulo do encontro entre Francisco e Antônio de Lisboa; a importância da obediência à Santa Madre Igreja, da observância da santa pobreza e do jejum era enfatizada: Francisco havia pedido aos frades que não se preocupassem com coisas corporais, incluindo a comida. Mas o “pastor principal, Cristo bendito”, que sempre cuida de suas ovelhas, inspirou o povo de Perugia, Spoleto, Foligno, Spello e Assis a levar comida e bebida àquela “santa congregação”. O próprio São Domingos, também presente no Capítulo, “foi grandemente edificado pela fé do santíssimo Francisco, pela obediência e pobreza de um colégio tão grande e ordenado, pela divina providência e pela copiosa abundância de todos os bens”.

O Frei Chryzostom Fryc, OFM (Diretor do Arquivo Histórico da Cúria Geral) e o Frei Giuseppe Buffon, OFM (Professor de História da Igreja na Faculdade de Teologia da PUA) relembram como os Capítulos das Esteiras recuperaram força, em nível local, especialmente após o Concílio Vaticano II. Poderíamos falar de “sinodalidade”, um termo muito usado hoje, mas ambos sublinham que a palavra original “capítulo” já implicava o desejo de diálogo, de escuta mútua, de comparação, de caminhar juntos.

Como prova do que disseram os irmãos, no arquivo fotográfico do Antoniano de Bolonha dos Frades Menores encontramos algumas fotos que datam de 25 de maio de 1966, relativas à celebração do Capítulo local das Esteiras.

Por ocasião do 800º aniversário do nascimento da Ordem, realizou-se entre 15 e 18 de abril de 2009, entre Assis e Roma, um Capítulo interobediencial das Esteiras: Frades Menores, Conventuais e Capuchinhos reuniram-se para celebrar o “Centenário das origens”, para “renovar a fidelidade ao carisma e compreender toda a herança espiritual” do fundador São Francisco (ver Acta Ordinis 2009/A, pp. 9–43). Participaram aproximadamente 2.000 capitulares de todos os continentes.

O Capítulo concluiu-se em 18 de abril: no Pátio Apostólico de Castel Gandolfo, os Ministros Gerais, em audiência com o Papa Bento XVI, renovaram o compromisso de viver segundo a Regra de São Francisco em nome de todos os Frades espalhados pelo mundo. Em Castel Porziano, uma delegação de capitulares, liderada pelos Ministros Gerais, encontrou-se com o então Presidente da República Italiana, Giorgio Napolitano, que lhes dirigiu, entre outras coisas, estas palavras:

“As guerras mudam de natureza ou mudam de dimensão, mas nunca se apagam; ainda hoje, continuam a flagelar o nosso mundo, a começar pela Terra Santa, e, podemos dizer, de forma mais geral e ampla, os perigos da guerra nunca cessam. […] Precisamos da vossa presença: precisamos do vosso trabalho, precisamos do vosso empenho em levar adiante valores que também no nosso país devem ser continuamente renovados e continuamente transmitidos”.

Agradecemos ao Frei Cesare Vaiani, Frei Chryzostom Fryc, Frei Giuseppe Buffon e ao Frei Juan Isidro Aldana Maldonado (Secretário do Capítulo das Esteiras) pela colaboração.

Fonte: OFM