No dia 19, sábado passado, aconteceu na Fraternidade Nossa Sra. de Fátima de Uberlândia/MG, o Encontro de Irmãos Menores da Custódia Franciscana do Sagrado Coração de Jesus.
O Encontro se deu com uma manhã de formação com a temática: “Nossa vida Religiosa no Brasil de hoje” que na oportunidade, Frei Rodrigo Péret, OFM, partilhou conosco o assunto, bem como utilizou de seu próprio texto: “Fraternidade e Diálogo: Compromisso de Amor” como base para uma boa conversa entre irmãos.
Nove irmãos estavam presentes e cada um participou alegremente, condividiram de suas motivações, dificuldades e atividades realizadas enquanto irmãos que evangelizam no seio da igreja e participam também da vida do povo e de suas Fraternidades em que vivem.
No período da tarde, os irmãos tiveram a oportunidade de visitar e conhecer a realidade de vida nos assentamentos existente na cidade, onde ali algumas lideranças puderam falar pra todos a conjuntura vivida por eles. Os Freis estiveram em um lugar muito importante para a comunidade, o chamado Ecoponto, lugar onde o povo descarta o lixo da melhor maneira possível com a separação devida e que são distribuídos para reciclagem. O lugar é mantido pela prefeitura. Logo após, estiveram na Cozinha Comunitária, lugar de convívio, acolhida e amor, pois é onde o povo se apoia para as mais diversas necessidades e lá encontram apoio.
A noite, foi momento de avaliação e propostas para um próximo encontro acontecer na certeza de cada vez mais ser ponto de partida e chegada na construção e fortalecimento da caminhada de cada um que, em suas diversas atividades e jeitos de ser e trabalhar pelo Reino, colaboram com a evangelização e missão sendo irmãos de Cristo, de todos e todas, e da natureza.
O encontro finalizou com o tradicional recreio fraterno na própria fraternidade acolhedora, e com uma boa pizza se divertiram e conversaram bastante entre risadas e recordações vivida na festa da vida e como sinal do onipotente em cada um.
A baixo disponibilizamos o texto redigido pelo confrade Frei Rodrigo Péret, OFM.
PAZ e BEM!
Frei Suelton Costa de Oliveira, OFM
“Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”
Frei Rodrigo Péret, OFM
«A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na vida»
É com esta frase do poeta Vinícius de Moraes, da música “Samba da Bênção”, é que o Papa Francisco, no capítulo VI “Diálogo e Amizade Social”, na Encíclica Fratelli Tutti, explica como as diferentes culturas devem aprender a conviver. Ele destaca a importância de criarmos “processos de encontro”, que se tornam cultura, uma nova cultura. O Papa Francisco afirma: “A vida, apesar de todos os seus confrontos, é a arte do encontro” (FT 215)
Para Francisco de Assis, a busca do diálogo abriu o caminho para uma cultura do encontro, de tal modo que para ele o encontro se tornou uma paixão, um desejo e uma opção e modo de vida. Assim foi que no encontro com o leproso, um abraço e um beijo, fora dos muros da cidade de Assis, tornaram doce viver com últimos da sociedade de seu tempo. Assim foi no encontro com o simples crucifixo na Igrejinha de São Damião, que a escuta o levou a buscar a reconstrução da igreja viva. De diálogo em diálogo, de encontro em encontro, Francisco de Assis, se assumiu como menor, se encontrou como criatura dentre as outras criaturas, e na paixão pelos pobres vivenciou impressas em seu corpo as chagas de Cristo.
“Aproximar-se, expressar-se, ouvir-se, olhar-se, conhecer-se, esforçar-se por entender-se, procurar pontos de contato: tudo isto se resume no verbo «dialogar». Para nos encontrar e ajudar mutuamente, precisamos de dialogar. Não é necessário dizer para que serve o diálogo; é suficiente pensar como seria o mundo sem o diálogo paciente de tantas pessoas generosas, que mantiveram unidas famílias e comunidades. O diálogo perseverante e corajoso não faz notícia como as desavenças e os conflitos; e contudo, de forma discreta mas muito mais do que possamos notar, ajuda o mundo a viver melhor.” (FT 198)
Em situações de conflito, de desencontro, Francisco dialogou. Os processos de encontro provocam também rupturas. Assim como quando acusado em praça pública, pelo seu pai, um rico comerciante de tecidos, de dissipar sua fortuna. Francisco se despoja de toda sua roupa e a devolve a seu pai, denunciando o poder, a acumulação do dinheiro, o comércio, e chama o povo de Assis à pobreza e ao serviço de Cristo. Assim, como quando, Francisco não cede à propaganda das Cruzadas em seu tempo, ele inverteu a lógica do ódio e se encontrou com o Sultão, que o acolhe e aos frades com benevolência e cortesia. Os novos estudos mostram como esse encontro, sensibilizou Francisco, como o islamismo influenciou na vida franciscana.
Nos processos de encontro vividos por Francisco, ele buscava afirmar que o amor não é amado, em um mundo marcado pelo poder, propriedade, riquezas e guerras. Francisco dialogava com senso crítico e coragem de viver um estilo de vida fraterno, pobre e aberto para os últimos da sociedade e à natureza. Em sua arte do encontro, em meio aos desencontros da vida, ele nunca perdeu de vista o Cristo libertador.