Igarapé (MG) – No primeiro dia da Jornada Interinstitucional de Estudos Franciscanos de 2024, contamos com a participação de 43 frades, das diversas Províncias e Custódias da nossa ordem, a saber: Custódia Franciscana do Sagrado Coração de Jesus (SP e MG); Custódia Franciscana das Sete Alegrias de Nossa Senhora (MT e MS); Província Santa Cruz (MG) e Província Franciscana do Santíssimo Nome de Jesus do Brasil (GO/TO e DF). Para essa semana de estudos sobre o JPIC (Justiça, Paz e Integridade da Criação), foram convidados para nos assessorar, os animadores do JPIC, a saber: Frei Marx Rodrigues, OFM (Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil), Frei João Paulo Gabriel Mendes de Moraes, OFM (Custódia Franciscana do Sagrado Coração de Jesus) e  Frei Jhonatan de Jesus Luiz, OFM (Província Santa Cruz); e o encontro aconteceu na casa de Retiro São Vicente em Igarapé/MG.

O segundo dia teve por provocação do confrade, Frei Rodrigo Péret, OFM, a necessidade de desenvolvermos uma escuta ativa, que gere um novo estilo de vida, nos colocando assim, a serviço da vida, da dignidade dos pobres, e de toda a criação, ferida pela indiferença de todos aqueles que se preocupam somente com questões dos seus interesses egoístas e não com o bem comum, inclusive daqueles que virão depois de nós. “Não podemos só escutar, temos que agir, procurando soluções para o problema da pobreza, não apenas pelos pobres, mas por aqueles que virão depois de nós” (Papa Francisco), citou.

“O criador nos chama a um novo estilo de vida, que seja aberto ao bem, à verdade e à beleza!”(Laudato si’, 205). O confrade, salientou também que, diante da dor e do sofrimento do outro, o nosso coração deve arder de ternura e compaixão. O outro é nosso irmão, nossa irmã. Tudo está interligado. Homem e natureza. Tudo está interligado.

Já o terceiro dia foi conduzido pelo Frei Marx Rodrigues, OFM, que refletiu acerca do significado do serviço JPIC. Nos disse que o seguimento a Jesus Cristo, dentro da perspectiva do JPIC, significa contemplar o rosto de Cristo, que se revela em cada irmão e irmã, como também em toda criação. Tal contemplação, deve nos motivar a viver com mais radicalidade a Justiça, Paz e Integridade da Criação dentro das nossas fraternidades. A experiência que eu faço com Jesus Cristo deve ser partilhada, testemunhada. Só assim, o Reino de Deus se realiza no meio de nós. Ao final, os frades se reuniram em grupos para refletirem sobre o tema.

A parte da tarde ficou dedicada sob a condução do confrade, Frei Jhonatan Luiz, OFM, reforçando a todos que somos convidados a enxergar em nossas Fraternidades Locais, Regionais, Provinciais/Custodiais, de Conferência e da Ordem, modos de contribuir e viver o JPIC. Em seguida, realizou-se um panorama sobre o serviço do Animador de JPIC, em que identificou-se a estrutura, a missão e funcionamento do referido serviço na OFM, especialmente na realidade latino-americana e das entidades presentes. Nos falou também da “Filosofia de vida Ubuntu”, a qual diz que necessitamos do outro para sermos nós mesmos. Isso diz muito sobre o trabalho que o JPIC realiza.

Para complementar essa Jornada de Estudos Franciscanos, fomos a Brumadinho/MG, cidade onde ocorreu o rompimento da barragem, que ceifou a vida de 272 pessoas. Participamos da Santa Missa, que foi presidida pelo Bispo de Sete Lagoas/MG, Dom Francisco Cota de Oliveira. Dom Francisco em sua homilia, motivou as famílias das vítimas a não perderem a esperança. As suas lutas e as suas dores são as lutas e as dores da Igreja. A tragédia que completa 5 anos, não será esquecida e os culpados pagarão pelos seus crimes. O grito por justiça será atendido. Após a missa, fizemos caminhada até a entrada da cidade, clamando por justiça. A exploração indevida e criminosa dos recursos naturais tem causado muita dor e sofrimento e, isso, não pode ficar impune. Foi muito emocionante e marcante. Caminharam conosco as famílias das vítimas, o povo Pataxó e Pataxó Hã-Hã-Hãe e o movimento MST.

À tarde, fomos ao bairro Bandeirinhas (localizado em Betim/MG), para visitar os imigrantes Venezuelanos, que é um projeto dos frades em parceria com as Irmãs Carmelitas Missionárias e Jesuítas. No encontro houve a fala de Frei Lucas Chaves, OFM, apresentando o projeto, das Irmãs Carmelitas Missionárias e de maneira especial das famílias Venezuelanas, que, durante seu testemunho enfatizou a importância da presença dos frades e do trabalho realizado pelos mesmos, seja através da educação, ensinado o português, seja na escuta ativa e solidária.

E para concluirmos esta semana, no último dia pela manhã, Frei João Paulo, OFM falou sobre Rede Franciscana para Migrantes, especificamente da realidade migratória no Brasil. Trata-se de um mandato da nossa Ordem. O confrade disse que devemos unir forças com o povo sofrido e lutar pelos seus direitos, por políticas públicas que garantam a sua dignidade. Não podemos nos calar diante das injustiças, da destruição da Casa Comum. Nossos irmãos e irmãs, devem ser acolhidos e amados.

Concluímos a nossa Jornada de Estudos com a Santa Missa, presidida pelo Frei Marx, OFM, seguida de uma confraternização, momento de fortalecer os vínculos fraternos, entre irmãos. Ressaltamos que durante todos os dias tivemos momentos fraterno de partilhas e orações.

Que o Senhor, nosso bom Deus continue nos animando em nossa vocação como Frades Menores e nos conduzindo sempre mais para as águas mais profundas, a fim de respondermos com mais assertividade os desafios do nosso tempo.

Fraternalmente,

Frei André Felipe Pereira Martins, OFM