LEITURAS: Dn 7,9-10.13-14 / Sl 96 / 2Pd 1,16-19 / Mt 17,1-9
Depois que Jesus revelou que deveria passar pela morte, Ele vai com os discípulos para rezar sobre uma montanha e acontece a transfiguração. A transfiguração de Jesus significa a sua revelação como Deus presente no meio do seu povo. Os discípulos viram a sua glória antecipada neste momento em que eles estão sobre a montanha. É antecipada porque Jesus deverá sofrer a paixão e morte de cruz para depois ressuscitar como vencedor da morte.
A nuvem e a luz são sinais da presença de Deus, então os discípulos entendem que estão diante do Deus da vida e veem Moisés e Elias como “profetas” que conversam com Jesus. Ainda não entendem bem o que está acontecendo, ficam com medo e Jesus lhes pede segredo. De fato, os discípulos só entenderam completamente o que Jesus disse e fez depois de vê-lo ressuscitado.
A visão do profeta Daniel também apresenta luz que irradia da glória de Deus. Daniel “vê” a presença de Deus em uma linguagem apocalíptica e em formas humanas. A principal mensagem que ele traz é que Deus enviaria um filho com “poder, glória e realeza”. Os discípulos que estavam na montanha darão testemunho da transfiguração como “testemunhas oculares da majestade” de Jesus, como vemos na segunda leitura.
Sobre a montanha uma voz ressoa: “este é o meu Filho amado, escutai-o”. O evangelista apresenta aí a identidade de Jesus: Ele é o Messias, o Salvador que deveria manifestar-se ao mundo com humildade, como servo que entrega a própria vida para que os filhos e filhas de Deus tenham vida. Pedro quer ficar na montanha, não quer que Jesus passe pelo sofrimento, pela morte. Contudo, São João evangelista afirma que “Deus amou tanto o mundo que entregou seu Filho único” (Jo 3,16). E o amor venceu a morte! Jesus por sua vez, não dá ouvidos à proposta de Pedro e desce da montanha para realizar a sua missão.
Os cristãos de hoje têm uma grande oportunidade de refletir sobre a ação eficaz de Deus em nossa história. Uma ação que perpassa nosso dia a dia e a nossa história pessoal e comunitária. A transfiguração de Jesus dá esperança a todos que ainda enfrentam sofrimentos, ameaças, discriminação, preconceitos, violência e a própria morte. Só Ele é Salvador. Por outro lado, é preciso “descer da montanha” e ir aonde estão os irmãos e irmãs em atitude de serviço, como fez Jesus.
Frei Valmir Ramos, OFM