LEITURAS: At 1, 1-11 / Sl 46 / Ef 1, 17-23 / Mc 16, 15-20
Jesus ressuscitado envia seus discípulos “por todo o mundo” para “proclamar o Evangelho a toda criatura”. A sua missão deverá ter continuidade com os discípulos e discípulas que formam a Igreja. Subindo para o Pai ele enviará o Espírito que será a força da Igreja no mundo. Só neste Evangelho lemos que Jesus “sentou-se à direita de Deus”. Este é o lugar reservado ao Messias (cf. Sl 109,1), ao Salvador do mundo que venceu a morte.
Os versículos do Evangelho de hoje parecem ter sido acrescentados à obra de Marcos, pois indicam uma segunda conclusão ao Evangelho (cf. 16,9-20). É um testemunho fundamental para a comunidade cristã que precisa continuar a missão de Jesus. Ele, com seu corpo glorificado não será visível aos discípulos, mas a sua promessa de permanecer com eles se cumpre. Esta é a razão pela qual Jesus vai para junto do Pai: permanecer com os seus. No Evangelho de Mateus vemos Jesus anunciando que estaria com os seus “até a consumação dos séculos” (Mt 28,20). Isto foi o que Paulo experimentou em sua missão diante das ameaças sofridas por causa do Evangelho (cf At 18,10). A própria “nuvem que o cobriu”, conforme lemos em At 1,9, é sinal da presença de Deus de acordo com a tradição do Antigo Testamento.
A ascensão de Jesus indica a sua vitória definitiva sobre a morte e suas causas. Ele, “sentado à direita do Pai”, tem todo poder, com vemos na 2ª leitura. Seus discípulos e discípulas precisam ficar unidos e continuar sua missão neste mundo que ainda ameaça a vida e está longe de viver plenamente o amor. Será o Espírito Santo a fortalecê-los a ponto de terem coragem de anunciar a verdade de Jesus e enfrentar as perseguições e a própria morte. Começa a clarear para eles que, morrendo com Cristo, serão ressuscitados com Ele (cf Rm 6,8s).
Em Atos, na primeira leitura, os discípulos aparecem “olhando para o céu”, talvez atônitos, talvez saudosos da presença física de Jesus, talvez esperando sua volta, mas eles precisam abraçar a missão deixada por Jesus e olhar para a terra. É na terra que estão os destinatários do Evangelho, aqueles aos quais Jesus tinha predileção: doentes, perseguidos, discriminados, excluídos da sociedade e da comunidade, pecadores e injustiçados.
Hoje os discípulos e discípulas de Jesus que formam a Igreja precisam abraçar a missão de “proclamar o Evangelho a toda criatura” com ações práticas como fez Jesus. Mesmo que esta missão possa sujar as mãos e ferir o corpo como acontece com a Igreja preferida pelo Papa Francisco. É o compromisso com o Ressuscitado que faz a Igreja ser discípula missionária para acolher, curar, acompanhar, dar de comer, defender na fragilidade e, na ameaça aos direitos, ir ao encontro das pessoas distantes e promover a vida como bem maior.
Frei Valmir Ramos, OFM
Acompanhe também a reflexão da série: “Luz do meu caminho”