A “hora” da glorificação de Jesus chegou. É o tempo em que cumpre-se o maior sinal do amor de Deus pela humanidade: Jesus entrega a sua vida por amor e é glorificado pelo Pai. Seu amor é gratuito e universal. Sua obediência é livre e amorosa. Por isso, a vida venceu a morte e a morte de Jesus “tornou-se causa de salvação eterna”, como vemos na leitura da carta aos hebreus.
A nova aliança anunciada pelo projeta Jeremias na primeira leitura, agora se realiza plenamente com a morte e ressurreição de Jesus. Para Deus a aliança é empenho de amor. Ele quer empenhar-se com o seu povo que é chamado tê-lo como seu único Deus e seguir sua lei de amor. Jesus vive concretamente o amor de Deus pelas pessoas, especialmente as mais pobres, as doentes, as excluídas, as mulheres discriminadas. Esta vivência incomoda a sociedade hipócrita discriminadora que se diz religiosa, segue a Lei, mas não ama de fato as pessoas. Aí surge a perseguição que levará Jesus à morte. Ele entrega a vida, não foge das consequências de viver o amor acima da lei e a misericórdia acima dos costumes.
Aos gregos que foram “ver Jesus”, ele responde com a simbologia do grão de trigo que morrendo dá vida. É alusão à cruz, de onde pende a morte, mas brota a vida, pois na lógica do amor de Deus quem perder a vida neste mundo por causa do Reino dele, vai salvá-la para a eternidade. Na visão humana o destino de Jesus poderia ser diferente. Contudo, vendo Jesus que abraça a cruz por amor, não como castigo ou instrumento de condenação, entendemos que o amor vence até a morte.
Hoje nossa sociedade ainda precisa entender a lógica da nova aliança. Os cristãos mais ainda. É tempo de ver como tantas pessoas perdem a vida por causa da violência gerada pelo ódio e por interesses egoístas. A vida de todas as pessoas tem o mesmo valor aos olhos de Deus e os cristãos precisam defender a vida de todos. É tempo de assumir o projeto de Jesus como discípulos missionários colocando como parâmetros de ação o amor e a misericórdia.
Frei Valmir Ramos, OFM