A transfiguração de Jesus significa a sua revelação como Deus presente no meio do seu povo. Os discípulos viram a sua glória antecipada neste momento em que eles estão sobre a montanha. É antecipada porque Jesus deverá sofrer a paixão e morte de cruz para depois ressuscitar como vencedor da morte.
Os discípulos estão diante do Deus da vida e veem Moisés e Elias como “profetas” que conversam com Jesus. Ainda não entendem o que está acontecendo, ficam com medo e Jesus lhes pede segredo. De fato, os discípulos só entenderam completamente o que Jesus disse e fez depois de vê-lo ressuscitado. Pedro quer ficar na montanha, não quer que Jesus passe pelo sofrimento, pela morte. Jesus por sua vez, não dá ouvidos à proposta de Pedro e desce da montanha para realizar a sua missão.
Sobre a montanha uma voz ressoa: “este é o meu Filho amado”. O evangelista apresenta aí a identidade de Jesus: Ele é o Messias, o Salvador que deveria manifestar-se ao mundo com humildade, como servo que entrega a própria vida para que os filhos e filhas de Deus tenham vida. Esta é a ideia de fundo no texto da 2ª leitura, onde São Paulo afirma que “Deus não poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós”. Esta entrega é o maior gesto de amor pelo seu povo. São João evangelista afirma que “Deus amou tanto o mundo que entregou seu Filho único” (3,16). E o amor venceu a morte!
A 1ª leitura mostra uma cena única na Sagrada Escritura: Abraão leva seu filho para ser sacrificado. Nos documentos antigos não consta que o povo hebreu realizasse sacrifícios humanos. O que existia era o sacrifício de animais que eram mortos e queimados sobre um altar. O povo acreditava que isto agradava a Deus e que o fazia perdoar os pecados. O relato do livro do Gêneses quer mostrar como Abraão era obediente a Deus chegando ao extremo de oferecer o próprio filho.
Deus leva em conta a fidelidade dos seus filhos e filhas. O período da Quaresma é tempo propício para que os cristãos revejam suas ações e se elas estão de acordo com a vontade de Deus. É tempo de avaliar se o amor para com Deus e para como próximo é capaz de doar a própria vida, o próprio tempo, os próprios dons, realizar a partilha para que todos tenham vida em abundância e vivam num mundo de verdadeira Fraternidade e de Paz.
Frei Valmir Ramos, OFM