O evangelista Marcos inicia seu escrito definindo quem é Jesus: é “o Cristo, o Filho de Deus”. Para ele é importante começar dizendo que aquele menino nascido em Belém, crescido na Galileia, que recebeu o nome de Jesus, é o Salvador e não há outro. Imediatamente após este anúncio aparece João Batista realizando a sua missão, isto é, preparar os caminhos do Senhor. De acordo com o evangelista, João Batista era aquele mensageiro anunciado pelo profeta Isaías, na primeira leitura, quando dizia: “Eis o vosso Deus! Eis que o Senhor Deus vem com poder… como um pastor ele apascenta o seu rebanho… carrega os cordeirinhos no colo e tange docilmente as ovelhas-mães”.
João Batista realiza o batismo de conversão, quer dizer, ele acolhe as pessoas que buscam a misericórdia de Deus e mudam sua conduta. No batismo dele a água é o elemento de purificação de cada batizado. Mas, João anuncia um outro batismo que será feito por aquele que veio para salvar a humanidade. João mesmo diz que é alguém forte, que ele nem é digno de se “abaixar para desamarrar suas sandálias”. E ainda anuncia que este alguém batizará com o Espírito Santo. Isto significa que João Batista anuncia que o Salvador já está no meio do seu povo e que é tempo de viver e implantar a justiça de Deus. Daí a necessidade de conversão dos pecados.
Com a chegada de Jesus chegou também um novo tempo. Deus veio morar no meio do seu povo. Por isso é que vemos São Pedro escrevendo às comunidades da Igreja sobre o dia do Senhor. Num primeiro momento parece que ele fala do fim do mundo. No entanto, quando ele escreve sobre “um novo céu e uma nova terra onde habitará a justiça” ele se refere ao Reino de Deus implantado já neste mundo. A destruição mencionada é referência ao que os reinos daquele tempo faziam quando guerreavam, saqueando, matando as pessoas e destruindo com fogo as casas e templos.
Para os nossos dias é preciso levar em conta que o Menino Jesus nasceu longe do centro, onde reinava o poder e acumulava riqueza. Ele nasce pobre, vive no deserto e anuncia a salvação pela prática da justiça do Reino de Deus. O apelo dos profetas Isaías e João Batista é de preparar a chegado do Salvador corrigindo o que não agrada a Deus.
Frei Valmir Ramos, OFM