LEITURAS: At 1,1-11 / Sl 46 / Ef 1,17-23 / Mt 28,16-20
Jesus ressuscitado aparece aos seus discípulos e discípulas na Galileia sobre o “monte que lhes tinha indicado”. Na tradição bíblica a montanha é lugar da revelação de Deus. Da Galileia Jesus seguiu em missão para outras regiões até chegar em Jerusalém, onde foi condenado à morte e ressuscitou glorioso, vencedor da morte, pois é o Deus da vida. Como Ele foi enviado pelo Pai, assim Jesus ressuscitado envia seus discípulos da Galileia “por todo o mundo” para “fazer de todos os povos seus discípulos”. Seus discípulos deverão batizar “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” e ensinar “a observar tudo o que Ele ordenou”. E Jesus mesmo afirma que estará com os seus “até ao fim do mundo”. Isto foi o que Paulo experimentou em sua missão diante das ameaças sofridas por causa do Evangelho (cf At 18,10). A própria “nuvem que o cobriu”, conforme lemos em At 1,9, é sinal da presença de Deus, como vemos na tradição do Antigo Testamento e na transfiguração de Jesus (cf Mc 9,7).
Em Atos, na primeira leitura, os discípulos aparecem “olhando para o céu”, talvez atônitos, talvez saudosos da presença física de Jesus, talvez esperando sua volta, mas eles precisam abraçar a missão deixada por Jesus e olhar para a terra. É na terra que estão os destinatários do Evangelho, aqueles aos quais Jesus tinha predileção: doentes, perseguidos, discriminados, excluídos da sociedade e da comunidade, pecadores e injustiçados.
A ascensão de Jesus indica a sua vitória definitiva sobre a morte e suas causas. Ele, “sentado à direita do Pai”, tem todo poder, com vemos na 2ª leitura. Seus discípulos e discípulas precisam ficar unidos e continuar a sua missão neste mundo que ainda ameaça a vida e está longe de viver plenamente o amor. Será o Espírito a fortalecê-los a ponto de terem coragem de anunciar a verdade de Jesus e enfrentar as perseguições e a própria morte. Começa a clarear para eles que morrendo com Cristo, serão ressuscitados com Ele (cf Rm 6,8s).
Hoje os discípulos e discípulas de Jesus que formam a Igreja precisam abraçar a missão de “fazer de todos os povos seus discípulos”. Ser discípulo significa encontrar-se pessoalmente o Mestre, segui-lo abraçando os seus ensinamentos e praticando as suas obras. Mesmo que esta missão possa sujar as mãos e ferir o corpo como acontece com a Igreja preferida pelo Papa Francisco. É o compromisso com o Ressuscitado que faz a Igreja ser discípula missionária para acolher, curar, acompanhar, dar de comer, defender na fragilidade e na ameaça aos direitos, ir ao encontro das pessoas distantes e promover a vida como bem maior.
Frei Valmir Ramos, OFM