LEITURAS: At 8,5-8.14-17 / Sl 65 / 1Pd 3,15-18 / Jo 14,15-21
O evangelista João apresenta o discurso de despedida de Jesus, no qual o Mestre revela aos seus discípulos e discípulas que Ele voltará para o Pai, mas “não os deixará órfãos”. Como Ele não estará mais fisicamente, enviará o seu Espírito, que Ele chama “um outro Paráclito”. “Paráclito” é um termo grego usado na linguagem jurídica que significava defensor, advogado, mediador. São João usa este termo para dizer o Mestre, a Testemunha de Jesus que será a continuidade da presença d’Ele no mundo. Jesus era o “Paráclito” enquanto caminhava no meio do seu povo, era Mestre e defensor, Aquele que dava segurança em todo o tempo. Por isso, o Espírito enviado por Jesus será Aquele que dará força aos discípulos e discípulas para enfrentarem as adversidades do mundo; será Aquele que revelará o sentido da paixão e morte de Jesus que condenou o pecado e fez triunfar a vida, a justiça e a glória de Deus. Ele que “recebeu nova vida pelo Espírito” diz São Pedro na segunda leitura.
Jesus e o Espírito fazem de cada batizado a sua morada e moram na comunidade cristã, pois “estará dentro” de cada um. Para serem morada do Espírito, os batizados precisam permanecer no amor: amar a Jesus, guardando e observando os seus mandamentos. No amor acontece a comunhão, pois Jesus que está no Pai estará também naquele que vive o amor. Esta será como uma nova ordem no mundo que não é capaz de viver a comunhão. O “Espírito da verdade” indica esta nova ordem, pois brilha nas trevas do mundo que cultiva o engano e ilusões.
Em Pentecostes os Apóstolos iniciaram a missão logo que receberam o Espírito. Davam testemunho de Jesus e transmitiam o que tinham recebido dEle impondo as mãos sobre os batizados. São Pedro pedia que vivessem o amor, mesmo sofrendo perseguição, e que não retribuíssem o mal recebido. A compreensão é aquela de não agir com o espírito do mundo, mas agir com o “Espírito da verdade” que vence o mundo. Este será o “verdadeiro culto a Deus”.
Hoje os cristãos são chamados a viver em comunhão e servir os irmãos e irmãs. É um grande desafio viver a comunhão em tempos de egoísmo exacerbado e individualismo radical. Tudo parece ir contra a ideia da comunhão, fazendo emergir sempre mais a necessidade de aparecer a própria imagem exterior e apagando os sinais da presença do Espírito. Quanto mais preocupação com a imagem, tanto mais ignorada será a morada do Paráclito.
Frei Valmir Ramos, OFM