LEITURAS: At 6,1-7 / Sl 32 / 1Pd 2,4-9 / Jo 14,1-12
O Evangelista João apresenta o discurso de despedida de Jesus quando Ele revela aos discípulos que é “o Caminho, a Verdade e a Vida”. O Evangelho deste Domingo começa com um imperativo de Jesus: “tendes fé em Deus, tende fé em mim também”. Os discípulos parecem perturbados com a “despedida” do Mestre, mas Ele revela que “vai para o Pai” em cuja casa “tem muitas moradas”, quer dizer no coração, na mente de Deus, onde Ele quer que estejam todos os seus filhos e filhas.
Jesus é a Verdade por ser a Palavra de Deus que se fez carne e revela o próprio Deus Pai. Ele é o Caminho que nos conduz ao Pai, pois assumindo a condição humana revela o Pai e nos comunica a Vida divina. Jesus tomou o caminho rumo a Jerusalém, depois rumo à cruz na qual foi sacrificado por toda a humanidade. Os primeiros cristãos entenderam que agora o caminho não é mais uma lei, mas uma pessoa: Jesus ressuscitado. É nEle que todos devem caminhar seguindo a via do amor para chegar a Deus fonte da vida e morar n’Ele.
É um grande mistério que Felipe quer ver, mas Jesus pede que ele descubra a presença do Pai “ao menos vendo as obras” que Ele realiza em Jesus mesmo a benefício de seus filhos e filhas. O que Felipe ainda não tinha entendido era que Jesus “estava no Pai e o Pai em Jesus”. É a plena unidade e comunhão entre o Pai e o Filho constituídas pelo vínculo do amor que é o Espírito Santo.
São Pedro na segunda leitura fala da “pedra viva” que Jesus ressuscitado se tornou. A imagem da pedra era conhecida na Sagrada Escritura especialmente como memorial e perenidade da presença de Deus. Ao mesmo tempo rejeitava a idolatria diante das imagens de pedra dos deuses gregos e romanos. Agora São Pedro usa uma frase conhecida pelos judeus para apresentar Jesus: “pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e honrosa aos olhos de Deus” que tornou-se “a pedra angular”. Isto significa que é a pedra mais importante da construção. Os cristãos, se permanecerem em Cristo, serão como “pedras vivas” formando um “edifício espiritual”. Alguns entendem que este edifício é a nova família de Jesus, a nova comunidade formada a partir do testemunho das primeiras discípulas e discípulos. De fato, na leitura dos Atos dos Apóstolos vemos como os seguidores de Jesus aumentavam em número a ponto de exigir uma nova organização da comunidade. Por isso, escolhem os diáconos e mais tarde também as diaconisas para servirem os mais necessitados.
Hoje os cristãos são chamados a dar testemunho de sua fé em Jesus ressuscitado, Caminho, Verdade e Vida, com as ações concretas de serviço aos mais esquecidos da sociedade.
Frei Valmir Ramos, OFM