LEITURAS: Is 50,4-7 / Sl 21 / Fl 2,6-11 / Mt 26,14-27,66
Terminada a Quaresma, iniciamos a Semana Santa com a celebração da entrada de Jesus em Jerusalém e o seu julgamento seguido de sua morte. A decisão de Jesus de ir para Jerusalém revela a sua plena obediência ao Pai como vemos na segunda leitura, sendo “obediente até a morte de cruz”. Mesmo sabendo do risco que corria indo para o centro dos poderes religioso, político e econômico, Jesus não renuncia à construção do Reino e ao anúncio da verdade e da Boa Nova.
O Evangelho narra os momentos decisivos da paixão e morte de Jesus. Para muitos estudiosos esta narração, junto com aquela da ressurreição, forma o núcleo do testemunho sobre Jesus como Filho de Deus, Salvador da humanidade e Senhor da vida. De fato, a ressurreição de Jesus ilumina toda a sua vida neste mundo, desde o nascimento em Belém até a sua entrada triunfante como rei servidor em Jerusalém.
Em Jerusalém, Jesus é julgado por aqueles que tinham o poder de condená-lo à morte. No julgamento acontecem fatos inéditos, pois os “juízes” não seguem as leis romanas nem as judaicas. Quer dizer, tudo acontece como fato único, como se o réu representasse a maior ameaça à toda a humanidade. É noite, as autoridades judaicas se aliam àquelas romanas que, por sua vez, lavam as mãos. São todas autoridades que vislumbram o poder a qualquer custo.
Jesus é o “servo de Deus” que vemos interpretado na primeira leitura como alguém que confia plenamente naquele que o enviou. Ele é o Rei servidor que veio para dar vida, preservar a vida, defendê-la das ameaças; Ele veio para caminhar com os pequenos e pobres, os desvalidos, os descartados e excluídos pelos poderosos. Este Rei que não anseia poder neste mundo tem o poder da vida. Por isso se entrega confiante, defende a verdade e não a si mesmo; por isso “humilhou-se fazendo-se obediente até a morte”. O seu Reino desafia os poderosos que vão na direção da cobiça, do prestígio, do domínio, do egoísmo e da vingança. Pilatos quer tudo isso e ainda continuar no poder, por isso não se compromete. Os judeus cheios de si, hipocritamente agem pelo ódio para defender as suas “normas” insensíveis ao sofrimento das pessoas.
Jesus sofre, mas não volta atrás. Ele segue construindo o Reino de Deus, que para muitos estaria falido com a cruz. Jesus sabe que a humanidade é incapaz de enxergar os horizontes de Deus. Contudo, acredita que ela possa converter-se e defender a vida. Pregado, morrendo, não retribui os insultos, mas pede ao Pai que perdoe os seus algozes.
O gesto de Jesus convida os cristãos a defender a vida e a verdade para segui-lo na construção do seu Reino que é Reino de vida e não de morte. A Semana Santa é uma oportunidade para reviver o que Jesus fez, ensinou e, como seus seguidores, comprometer-se com Ele na vivência do amor incondicional a Deus e ao próximo.
Frei Valmir Ramos, OFM